O varejo ampliado registrou queda de 2,5% em junho, resultado significativamente abaixo da projeção (0%) feita pelos economistas do Bradesco, que enviaram o comunicado ao editor deste blog, e do consenso de mercado (0,1%). Esse desempenho, que sucede a alta de 0,4% observada em maio, foi generalizado entre os setores.
No segundo trimestre, houve retração de 1,7% em relação ao primeiro, o que gera um carregamento estatístico de -1,6% para o ano. Na comparação interanual, as vendas ampliadas recuaram 3,5%.
Eis o que diz o relatório do Bradesco.
A PMC restrita apresentou leve queda em junho (-0,2%), a segunda consecutiva (-0,4% em maio). No acumulado de 12 meses, o varejo restrito registrou alta de 0,3%. A surpresa negativa nas vendas restritas concentrou-se no segmento de supermercados (-0,5%), mas a dinâmica mensal também foi impactada pelas quedas em equipamentos de escritório e informática (-2,7%) e móveis e eletrodomésticos (-1,2%). Em contrapartida, as vendas de outros artigos de uso pessoal e doméstico cresceram 1,0%, recuperando parte da perda registrada no mês anterior.
Todos os segmentos do varejo ampliado apresentaram resultados piores que o esperado. Em relação a maio, as vendas de veículos recuaram 1,8%, destoando novamente dos dados da Fenabrave e das concessões de crédito para veículos, que indicavam alta no setor. O comércio de materiais de construção caiu 2,6% no mês, enquanto o atacarejo registrou retração expressiva de 11% na comparação interanual (após queda de 5,1% em maio).
A retração no segundo trimestre foi mais acentuada nos segmentos ligados ao crédito (-2,3%), puxada principalmente pela queda nas vendas de veículos e materiais de construção. Já os setores atrelados à renda também recuaram no período (-0,9%), mas apenas com combustíveis no campo negativo.
Nossa avaliação: As vendas do comércio varejista vieram abaixo das expectativas, indicando perda de fôlego na atividade a partir do meio do ano. A forte queda nos setores dependentes de crédito reforça nossa leitura sobre os efeitos da política monetária. Neste mês, tanto a magnitude da surpresa quanto a disseminação das quedas entre os diferentes segmentos do varejo apontam viés baixista para nossa estimativa atual de crescimento do PIB no segundo trimestre (+0,4%). Ainda assim, o resultado não altera nossa visão de desaceleração gradual da economia ao longo da segunda metade do ano.
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