Artigo, Eugênio Esber, Zero Hora - O juiz suspeitop

Eugênio Esber é jornalista do RS.

 O estrago foi feito. E não apenas na vida de oito empresários

 Nas primeiras horas do dia 23 de agosto de 2022, os empresários Luciano Hang, Afrânio Barreira Filho, José Isaac Peres, Ivan Wrobel, André Tissot, Marco Aurélio Raimundo, Meyer Nigri e José Koury tiveram suas vidas reviradas pelo aparato de repressão de Alexandre de Moraes.

Sob ordens do ministro do STF, hoje punido por uma lei norte-americana que manda asfixiar financeiramente violadores de direitos humanos, agentes da Polícia Federal cumpriram mandados de busca e apreensão nas residências e escritórios de pessoas que, na intimidade de um grupo de WhatsApp intitulado "Empresários & Política", manifestavam sua repulsa à eventual volta de Lula ao poder.

Koury, o mais indignado com o possível triunfo de um homem condenado em três instâncias judiciais por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, sentiu-se à vontade para dizer que preferia um golpe à volta do petista livrado da cadeia por uma esquisita (para ser brando) interpretação do STF que viria a ser conhecida como a regra do CEP.

Pensar ou "preferir" algo, todos sabemos, não é crime, mas no atual regime STF-PT pode ser, se você for um dissidente que "prefere" a adoção de um comprovante impresso do voto eletrônico, ou "prefere" a liberdade de expressão nos exatos termos consagrados pela Constituição Federal.

O braço autoritário de Alexandre pesou sobre a "preferência" de Koury e sobre quem mais, no grupo de WhatsApp, pudesse expressar alguma afinidade de pensamento, mesmo que por meio de um simples "emoji".

Quando algumas vozes influentes na imprensa se perguntaram se aquela batida policial em cinco estados teria se sustentado tão-somente em uma reportagem do site Metrópoles, que em 17 de agosto expôs as mensagens privadas do grupo de WhatsApp, o gabinete de Moraes negou, afirmando que os mandados de busca e apreensão contra os empresários se apoiavam em um conjunto de diligências. Acreditou, como sempre, quem quis acreditar. Ao fim e ao cabo, as investigações deram em nada. Mas o estrago foi feito - e não apenas na vida do grupo dos oito empresários alvejados pela visita da PF às seis da manhã.

Nesta semana, o perito Eduardo Tagliaferro, que chefiava a "Assessoria de Enfrentamento à Desinformação", núcleo criado por Moraes quando presidiu o Tribunal Superior Eleitoral, denunciou em sessão do Senado que, sim, Moraes determinou a operação policial sem qualquer outro indício além da reportagem vazando meras elocubrações, e que, para encobrir esta verdade, orientou posteriormente seu gabinete a incluir novos elementos com data retroativa. Em síntese, fraude processual, e com provas em poder de quem cumpriu a ordem de executá-la - o próprio Tagliaferro, hoje na Itália.

 

A verdade sempre aparece.

 

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