Ninguém notou, exceto os devotos. Mas fez aniversário de dois meses a estreia de um espetáculo novo na política brasileira: a prisão de Lula. No início, houve sacolejos e estardalhaço. Mas a cana do líder político mais popular desde Getúlio Vargas caiu na rotina. Nada mais saudável. Consolida-se no Brasil uma prática civilizatória. O Estado passou a investigar, punir e encarcerar personagens da oligarquia política que se comportavam como se estivessem acima da lei.
Imaginou-se que Lula não seria condenado. Sergio Moro condenou. Duvidava-se que o TRF-4 fosse confirmar a sentença. O tribunal elevou a pena. Apostava-se que o STJ ou o STF dariam um jeito de evitar o encerceramento. E nada. A Lava Jato saiu invicta. Sem nenhum tremor popular ou convulsão social, a lei vai sendo cumprida.
Lula se diz perseguido. O PT o chama de preso político. Mas também estão na cadeia estrelas do MDB, como Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima. Acaba de ser preso o tucano Eduardo Azeredo. Quem não foi passado na tranca aguarda na fila. Michel Temer é virado do avesso pela Polícia Federal. Aécio Neves é empurrado para fora das urnas por nove inquéritos criminais. Antes, os oligarcas perguntavam: “Onde é que isso vai parar?” Hoje, a plateia cobra: “Quando serão presos os outros?” O problema não foi resolvido. Longe disso. Mas ficou mais arriscado praticar corrupção no Brasil.
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