O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu ontem, por
unanimidade, manter a taxa básica de juros em 6,50% ao ano, em linha com o
esperado por nós e pelo mercado. No comunicado divulgado após a decisão, o
comitê reconheceu que a recuperação da atividade econômica se mostrou mais
gradual que o esperado no início do ano e que as medidas de inflação subjacente
se encontram em “níveis apropriados” (no comunicado da reunião passada, usou-se
o termo “níveis baixos”). Apesar dessa avaliação, o colegiado divulgou revisões
importantes no cenário prospectivo para a inflação. As projeções utilizando o
cenário de mercado do Focus apontam variações do IPCA “em torno” de 4,1% neste
ano (com Selic de 6,50% e câmbio de R$/US$ 3,83 no final do período) e de 4,0%
para 2019 (juros de 8,00% e câmbio encerrando o ano em R$/US$ 3,75). No
encontro de agosto, tais projeções eram de 4,2% e 4,0%, nessa ordem. Já no
cenário com a Selic constante no atual patamar e câmbio de R$/US$ 4,15 (nível
médio da semana anterior à reunião), as projeções de inflação ficaram em torno
de 4,4% e 4,5%, neste e no próximo ano, acima das projeções de 4,2% e 4,1%
divulgadas na reunião anterior. Cabe registrar que as metas de inflação para
2018 e 2019 são de 4,5% e 4,25%, respectivamente. Na avaliação do quadro
internacional, a visão é a de que o cenário segue desafiador para as economias
emergentes, tendo como principais riscos a normalização das taxas de juros de
economias avançadas e as incertezas em relação ao comércio global. Além disso,
o Comitê destacou a importância da percepção de continuidade da agenda de
reformas domésticas sobre as expectativas e projeções macroeconômicas. O
comunicado continuou apontando que o cenário prescreve a manutenção de uma
política monetária estimulativa, mas acrescentou, como principal novidade em
relação aos documentos anteriores, que “esse estímulo começará a ser removido
gradualmente caso o cenário prospectivo para a inflação no horizonte relevante
para a política monetária e/ou seu balanço de riscos apresentem piora”. Em
outras palavras, o Copom sinalizou que um processo de normalização da política
monetária requer piora no balanço de riscos, com a identificação de efeitos
secundários sobre os preços do choque primário – e não apenas uma mudança de
preços relativos – e adicionou, de toda forma, que as eventuais altas tendem a
ser graduais, em linha com o que acreditamos. De fato, as expectativas de
inflação mantêm-se ancoradas, a despeito das pressões cambiais dos últimos
meses, em um contexto de recuperação bastante moderada da atividade
econômica. Avaliamos que a Selic ficará estável em 6,50% até o final de
2018.
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