O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu ontem, por
unanimidade, manter a taxa básica de juros em 6,50%, em linha com o esperado.
No comunicado divulgado após a decisão, o colegiado reconheceu que o desempenho
da atividade econômica tem sido aquém do esperado e que o balanço de riscos
para a inflação mostra-se simétrico – alterando a avaliação dos comunicados
anteriores, de assimetria.
Os economistas do Bradesco examinam a decisão do Copom da maneira seguinte, conforme comunicado que o editor acaba de receber:
As projeções apontadas no documento ainda indicam um
quadro benigno para a variação dos preços no médio prazo. No cenário de mercado
do Focus, não houve alteração nas projeções: o IPCA previsto para 2019 está em
3,9% (Selic em 6,50% e taxa de câmbio final de R$/US$ 3,70) e em 3,8% para 2020
(taxa básica de 7,75% e câmbio final de R$/US$ 3,75). Já no cenário com Selic constante
no atual patamar e câmbio estável em R$/US$ 3,85 (nível médio da semana
passada), as projeções de inflação ficaram “em torno” de 4,1% para 2019 e 4,0%
para 2020. Cabe destacar que essas estimativas estão abaixo ou no centro das
metas deste e do próximo ano, respectivamente, em 4,25% e 4,00%.
Em relação ao balanço de riscos, o BC manteve os
principais fatores de acompanhamento: do lado baixista, o risco é que o nível
de ociosidade da economia leve a uma trajetória abaixo do esperado. Do lado
altista, permanecem os riscos associados à possível frustração em torno da
agenda de reformas, que poderiam ser agravados diante de uma deterioração do
cenário externo. Nesse comunicado, porém, o Comitê reconheceu simetria no
balanço de riscos, além de suprimir a afirmação de que considera um peso maior
dos riscos altistas em sua avaliação.
Outro recado importante se refere aos efeitos dos choques
aos quais a economia brasileira foi submetida no ano passado. Segundo o Copom,
é necessário observar o comportamento da economia ao longo do tempo, e a
avaliação dos efeitos desses choques não deve ser concluída no “curto prazo”, o
que, segundo nossa leitura, sugere que o plano de voo inicial é o de manutenção
da Selic na próxima reunião. Nesse sentido, os próximos passos da política
monetária continuarão dependendo da evolução da atividade, do balanço de riscos
e das expectativas de inflação.
Na avaliação do quadro internacional, a visão é de que o
cenário segue desafiador. O colegiado reconheceu um menor risco de em relação à
normalização das taxas de juros em economias avançadas, enquanto os riscos
associados a uma desaceleração da economia global avançaram.
Com isso, continuamos esperando que o Copom mantenha a
Selic estável ao longo das próximas reuniões. Reconhecemos, porém, a
possibilidade de corte de juros em algum momento do ano, caso as frustrações
com a evolução da atividade econômica se materializem, em um contexto de
expectativas de inflação bem ancoradas. Entretanto, consideramos plausível que
o Banco Central queira aguardar mais informações para reavaliar seu cenário e
decidir pela eventual necessidade de estímulo monetário adicional
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