Moro enviou mensagem durante a madrugada cobrando que
Maia desse celeridade no pacote anticrime, apresentado pelo ministro ao
Congresso em fevereiro.
No texto, o titular da Justiça teria acusado o deputado
do DEM de descumprir um acordo.
Em resposta ríspida, Maia pediu a Moro respeito e afirmou
que era ele o presidente da Câmara, cargo que tem a atribuição de definir a
pauta de votações da Casa.
A aliados, o deputado disse que o ministro estava sendo
inconveniente pelo gesto e que não havia descumprimento nenhum de acordo.
Ele disse ter acordado com o Palácio do Planalto que
priorizaria na pauta da Câmara a aprovação da reforma da Previdência,
considerada crucial para a gestão de Jair Bolsonaro, e que na sequência
colocaria o texto de Moro para tramitar.
Essa foi a segunda vez que Moro cobrou diretamente Maia
em menos de uma semana. A primeira delas foi no sábado (16), quando o deputado
recebeu o ministro na residência oficial da Câmara para um churrasco no qual
estiveram presentes os chefes dos três poderes.
Na noite de quarta, Maia desqualificou o projeto
anticrime apresentado por Moro dizendo que o texto é um "copia e
cola" de proposta sobre o mesmo tema que foi apresentada no passado pelo
ministro Alexandre de Moraes, do STF.
"O funcionário do presidente Bolsonaro? Ele conversa
com o presidente Bolsonaro e se o presidente Bolsonaro quiser ele conversa
comigo. Eu fiz aquilo que eu acho correto [sobre a proposta de Moro]. O projeto
é importante, aliás, ele está copiando o projeto direto do ministro Alexandre de
Moraes. É um copia e cola. Não tem nenhuma novidade, poucas novidades no
projeto dele", disse em resposta a um questionamento sobre se Moro estava
se intrometendo na Câmara.
Pela manhã, Moro disse estar conversando com Maia sobre o
assunto e que o "desejo do governo é que isso desde logo fosse encaminhado
às comissões para os debates".
Na última quinta-feira (14), Maia determinou a criação de
um grupo de trabalho para analisar o chamado projeto de lei anticrime de Moro e
duas outras propostas correlatas que já tramitavam na Câmara. Como o grupo de
trabalho tem o prazo de 90 dias para debater as matérias, na prática Maia
suspendeu momentaneamente a tramitação da maior parte do pacote legislativo do
ministro da Justiça.
O deputado disse ainda que o projeto prioritário é o
apresentado por Moraes, quando ele era ministro da Justiça, ainda no governo de
Michel Temer.
Segundo Maia, a votação do pacote se dará no futuro, após
a Casa analisar a reforma da Previdência, considerada crucial para o governo
Bolsonaro.
O deputado negou estar irritado com Moro e disse que o
ministro "conhece pouco a política".
"Eu sou presidente da Câmara, ele é ministro
funcionário do presidente Bolsonaro", disse.
Ao contrário do que disse Moro mais cedo, que ele ia
conversar com Maia sobre o tema, o deputado disse que quem deve procurá-lo
sobre o assunto é Bolsonaro.
"O presidente Bolsonaro é quem tem que dialogar
comigo. Ele está confundindo as bolas, ele não é presidente da República, ele
não foi eleito para isso. Está ficando uma situação ruim para ele. Ele está
passando daquilo que é a responsabilidade dele. Ele nunca me convidou para
perguntar se eu achava que a estrutura do ministério estava correta, se os
nomes que ele estava indicando estavam corretos", afirmou.
O presidente da Câmara ironizou Moro, insinuando que o
ministro busca destaque na imprensa ao querer aprovar a proposta apresentada.
"O projeto vai andar no momento adequado, ele pode
esperar para ter um Jornal Nacional, um Jornal da Band, ou da TV Record, ele
pode esperar.
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