A gradual deterioração se origina na percepção de que o
presidente ainda não tem noção da
envergadura, dimensão e responsabilidade de seu cargo
Com pouco mais de quatro meses no poder, já está claro
que o governo Bolsonaro não é um, mas pelo menos cinco
governos.
Há o núcleo íntimo, dominado pelos filhos e inspirado
pelas divagações de um autoproclamado filósofo cuja influência se estende,
entre outras áreas, ao Itamaraty e ao Ministério da Educação, onde olavistas
geram muita polêmica e poucos serviços ao país. No outro lado, há o núcleo dos
militares da reserva e da ativa, que ocupam principalmente postos-chave no
Palácio do Planalto e são os responsáveis por manter os serviços básicos do
Executivo – e um mínimo de racionalidade – em funcionamento.
O constrangimento só não é maior e mais visível porque há
um compromisso tácito com a estabilidade
O terceiro governo gira em torno
do Ministério da Economia, que conta com quadros de primeira linha e,
mesmo sabotado por outras alas do Executivo, tenta impor uma agenda de
modernização, responsabilidade fiscal e desburocratização do país. O quarto
governo é composto por ministros com trajetórias próprias, como os da
Cidadania, da Agricultura, da Infraestrutura e da Justiça, que conservam poucos
laços entre si mas, a seu jeito, fazem o possível para tocar suas áreas
adiante. O quinto governo é o de Bolsonaro, que, por miopia ou alienação da
realidade, nega publicamente as fraturas e enxerga um time sólido enquanto
abalos sísmicos entre as facções do Executivo deixam o país perplexo.
A gradual
deterioração do governo eleito com enorme expectativa por folgada maioria do
eleitorado se origina na percepção de que o presidente ainda não tem noção da
envergadura, dimensão e responsabilidade de seu cargo. Ao tolerar que o
orientador ideológico da família Bolsonaro ataque ministros militares e as
Forças Armadas com baixarias vistas raras vezes na história política
brasileira, o presidente não assume, ao contrário do que imagina, uma posição
de magistrado. Antes disso, sua propalada neutralidade na disputa que
corrói a administração é um incompreensível endosso às aleivosias disparadas
por um guru lunático que acaba de ser contemplado com a Grã-Cruz da Ordem
do Rio Branco. Trata-se de uma provocação para diplomatas e militares tão ou
mais disparatada do que a condecoração de Che Guevara por Jânio Quadros com a
Grã-Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul em 1961.
Z
ResponderExcluirRBS, comunista, muda para cuba, coreia do norte, bolivia ou venezuela, não fará falta ao Brasil.
Uma análise bastante apreciável. O presidente precisa por ordem em seu governo.
ResponderExcluirFui assinante da Zero Hora por muitos anos,mas seus colunistas cada vez mais lulistas foram os responsáveis pelo meu afastamento. No dia seguinte a vitória de Bolsonaro, surgiu o movimento Resistência de apoio ao derrotado lulopetismo, que parecia momentâneo. Com o apoio da mídia comunista, se fortalece e não importa o que seja feito, nada é bom. Dá a ideia que bom é roubar dinheiro do povo; bom é cobrar altos impostos e taxas; bom é receber esmolas do governo com o dinheiro que é nosso. Sei que a ZH e outros meios de comunicação tem um espaço valioso ao que se propõem... e que muitos se deixam levar semm questionamennntos.
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