Há uma tentativa de criminalizar as polícias e enfraquecer
seu trabalho*
O Sindicato dos Policiais Federais do Paraná manifesta
repúdio à interpretação da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul, que em interpretação sem precedentes na história decidiu
excluir, do rol dos crimes classificados como tentativa de homicídio, o ato
bárbaro de atirar contra um policial.
Acatando uma jurisprudência absurda do Tribunal, a câmara
excluiu dois acusados de tentativa de homicídio de serem julgados pelo tribunal
do júri. Os desembargadores alegam que, durante uma perseguição,
suspeitos que atiram contra policiais não necessariamente desejam matá-los ou
assumem esse risco.
Para a representação dos policiais federais no Paraná, não
há dúvidas de que há, em curso, uma clara tentativa de marginalizar as
instituições policiais no Brasil, de modo a enfraquecer seu trabalho em prol da
população e do combate às organizações criminosas e à corrupção.
Enquanto deveriam pensar políticas e modelos de segurança
que protegessem o policial e sua família, os poderes têm trabalhado para
debilitá-la. Agora, está institucionalizado: a vida de um policial, que coloca
sua vida em risco pela sociedade, vale menos que a vida de alguém que tenta
matar um cidadão. Pelo menos na visão das nossas instituições.
O Sindicato lamenta que o País, que tem vivido uma longa e
gravosa crise de segurança pública, insista em tratar seus policiais com
descaso, na contramão de países, inclusive da América do Sul, que já superaram
os problemas com políticas de valorização e investimento na área.
Na avaliação da representação, é justamente essa postura,
que perpassa de governo para governo, juiz para desembargador, que nos mantem
na vergonhosa posição em que estamos, além de presos à violência e à corrupção.
Se o fato em questão fosse inverso, policiais seriam
absolvidos por atirar em um criminoso? A justiça é branda quando os
acusados usam farda?
A justiça reflete a hipocrisia da nossa sociedade.
Bibiana Orsi
Presidente - SINPEF PR
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