Especialistas repercutem possível elevação de 1% na taxa de juros. Presidente do Banco Central afirmou que Selic pode subir para onde precisar para controlar inflação
Na próxima semana, o Comitê de Política Monetário do Banco Central decide a nova taxa de juros Selic. Na última terça (14), Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, afirmou que a Selic pode subir para "onde precisar" para controlar a inflação.
"A gente entende que a gente pode levar a Selic até onde precisar ser levada para que a gente tenha uma convergência da meta [de inflação] no horizonte relevante. Mas a gente também gostaria de dizer que o BC vai reagir ou alterações no plano de voo a cada dado de alta frequência que saia", afirmou.
A decisão que será tomada na próxima reunião é se o aumento será de 1 ponto já sinalizado ou de 1,25 ponto. O relatório Focus divulgado na segunda (13) mostra que o mercado prevê a taxa básica de juros a 8% no final do ano e em 2022 devido à pressão inflacionária. Economistas ouvidos pelo Banco Central também elevaram a projeção do IPCA ao final do ano de 7,58% para 8%.
"O mercado começou a precificar uma alta de 1,25%, principalmente depois do último dado do IPCA bem acima do esperado. Depois de declarações recentes em um evento corporativo, mercado convergiu de volta para uma alta de 1%. O ‘dado de alta frequência’ a que o presidente do BC se referiu foi o IPCA de agosto, que veio bem acima do esperado. Assim, Campos Neto passa a mensagem de que não vai colocar tanto peso nesse indicador", diz João Beck, economista e sócio da BRA.
Segundo o economista, a declaração é necessária para resgatar a confiança do mercado e dos investidores: "O objetivo do Banco Central é esse, de buscar a meta. É também uma sinalização ao governo que precisa contribuir na sua parte para não criar mais situações inseguras para o investidor resultando na alta do dólar e pressionando a inflação", comenta.
Para Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, a alta da Selic tem influenciado na elevação dos juros nos pré-fixados, que tem possibilitado maior rentabilidade no curto prazo. "Essa elevação também tem aumentado taxas percentuais do CDI dos pós-fixados. Isso abre espaço para clientes aplicarem na renda fixa com medo de alocar em risco na renda variável", afirma.
Segundo ele, o Banco Central irá continuar usando a política econômica por meio do aumento de juros para conter a inflação. "Isso é negativo, já que o Brasil teria capacidade de crescer mais no ano que vem, mas é necessário. Outros países fizeram também. Quando tivermos menor pressão sobre preços dos insumos, teremos um maior controle da inflação e uma volta aos poucos da normalidade", diz.
Para Beck, as pressões inflacionárias foram muito além do esperado, principalmente comparando com o resto do mundo: "Já era esperada uma inflação residual conforme a vacinação e a atividade fossem acelerando. O problema é que o Brasil passou por uma crise hídrica, geadas históricas e de quebra uma crise institucional no governo que deixa o congresso inoperante".
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