O repórter Yan Boechat, que é correspondente de guerra e que recentemente transmitiu boletins desde a Ucrânia, escreveu reportagem sobre as manifestações que ocorrem desde segunda-feira da semana passada em dezenas de cidades brasileiras, todas diante de quartéis e reclamando pela intervenção das Forças Armadas.
Yan Boechat não é simpático às manifestações, mas descreve com honestidade intelectual o que viu:
E quem foi às ruas acompanhar de perto o que está acontecendo percebe com clareza que não se trata de um grupo minoritário de radicais, das tias do zap. Há volume, há organicidade e há diversidade em quem acredita que os militares devem assumir o poder para salvar o país. Não se trata de meia dúzia de bolsonaristas radicalizados. O volume me impressionou (....) Me impressionou também a diversidade social das pessoas que estavam ali. Não se tratava apenas da classe média branca do Centro Expandido, havia gente da periferia, gente pobre e gente rica; católicos, protestantes. Havia povo ali.
Ele fala em bolha, mas neste caso emite opinião e não um fato. Ele está errado. Eis o que escreve:
Essa parcela da população está absolutamente apartada da realidade. Ignora a imprensa como a imprensa os ignora. Estão todos à espera de um salvador que restituirá a verdade num mundo de mentiras.
Assustado com o que viu e sem entender direito o que viu e o que acontece, Yan Boechat, no entanto, enxerga claramente que os manifestantes vieram para ficar:
Não faço a menor idéia de como restabelecer o diálogo com essa imensa parcela da população que se radicalizou ao longo dessa última década. Mas tenho por certo que ignorá-los ou reduzir esse movimento ao "gado", aos "minions", aos "genocidas" não há de resolver muita coisa.
Se há radicalismos esse é diminuto, ninguém fala do "pai" da divisão NÓS x ELES, esse sim é um perigo, o único diálogo possível nessa altura do campeonato é não deixarmos uma eleição fraudada ser considerada normal, essa é a mentira maior..
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