Senhor Presidente:
No início da noite do último domingo, 11 de dezembro, o ativista argentino Fernando Cerimedo
divulgou estar disponível aplicação na Internet na qual os eleitores poderiam conferir seu voto nas eleições
presidenciais de segundo turno do Brasil.
Esse ativista é o mesmo que divulgou relatório sobre discrepâncias entre as urnas 2020 e os demais
modelos na votação do Nordeste. Essas alegações já foram contraditadas pela Justiça Eleitoral e por
relatório enviado a V. Exa em 18/11/22.
A divulgação desse site faz parte de uma narrativa sobre o sigilo do voto.
Após sua divulgação, o site ficou no ar por pouco mais de duas horas, até ser, aparentemente,
derrubado por grupo hacker Anonymous, não tendo mais retornado.
Figura 1 - Publicação do grupo hacker Anonymous informando que derrubaram a aplicação
Nesse período, foi possível identificar várias inconsistências no seu modelo de funcionamento e nos
dados apresentados. Tais falhas só permitem uma conclusão, compartilhada entre a JE e várias pessoas na
Internet, inclusive apoiadores do Presidente Bolsonaro: trata-se de aplicação inidônea, sem qualquer vínculo
com dados da Justiça Eleitoral e que apresenta dados escolhidos aleatoriamente para tentar tumultuar o
processo eleitoral.
Passo a descrever a narrativa de fraude ligada ao sigilo e os defeitos do site que embasam a
conclusão sobre a ausência de idoneidade.
Narrativa sobre sigilo
O sigilo no voto é protegido nas urnas eletrônicas por um mecanismo duplo: a) não há informação
sobre a ordem ou horário de votação dos eleitores; b) o conteúdo dos votos é armazenado em ordem
lexicográfica (i.e. votos no 13 vêm todos antes dos votos no 22). Assim, não é possível correlacionar um voto
a seu eleitor.
Há uma situação ligada ao LOG da urna eletrônica que faz com que o nome do eleitor seja nele
registrado. Isso ocorre quando há um erro de hardware na urna, que interrompe os trabalhos, exatamente
no momento que se tenta mostrar alguma informação (nome do eleitor) no terminal do mesário. Nessa
situação, com incidência não maior que 40 (num universo de 120 milhões), o nome do eleitor acaba sendo
gravado no logo.
Como se percebe, a falha é muito pontual e, mesmo esses eleitores não têm seu voto revelado
porque não são armazenados no RDV (registro digital do voto) na ordem em que são produzidos, mas
conforme a ordem lexicográfica).
Tendo identificado alguns nomes de eleitores nos logs, o grupo ligado ao ativista passou a dizer que
sabia o voto dos eleitores e que faria uma aplicação para provar isso.
Então foi lançada a aplicação no dia 11/12. Seu objetivo claramente é causar tumulto no dia da
diplomação do novo Presidente da República. A lógica parece ser explorar o viés de confirmação de pessoas
que apoiam uma ruptura institucional sob pretexto de fraude. Com resultados aleatórios, temos uma boa
parte dos eleitores tendo a confirmação de seu voto – o que respalda o site perante essas pessoas. Para os
demais, com indicação de que seu voto foi para o candidato oposto, restaria a revolta por conta de uma
substituição fraudulenta de seu voto.
Falhas grossesiras
Trata-se de aplicação rudimentar, que unicamente solicita que se informe um CPF, incapaz de
sobreviver a suas falhas mesmo em grupos mais permeáveis à narrativa conspiratória.
Ao digitar o título, a aplicação traz o
resultado como na figura, com o nome
do eleitor, cidade onde vota, pretensa
votação apurada e uma informação de
que o resultado vem da base do TSE,
além de ter zona eleitoral e seção
ocultados por segurança:
Já é de se estranhar que a aplicação peça CPF, quando a urna eletrônica não trabalha com tal
informação, mas sim com o título de eleitor. Depois, é difícil crer que o site não mostra a zona eleitoral e
seção do eleitor com alguma preocupação de segurança (talvez LGPD?), uma vez que traz seu nome e, mais
grave, seu voto, constitucionalmente protegido.
Em seguida, bastam algumas consultas com CPFs diferentes para que surjam inconsistências:
a) Vários eleitores não encontrados;
b) Eleitores falecidos com votação registrada;
c) Eleitores com município de votação errada.
Um exemplo interessante para o item (c)
aparece quando se digita o CPF do Presidente
Bolsonaro.
O município de votação exibido é “Barlavento”.
O mesmo acontece com os dados deste
Secretario, que tem sua votação registrada no
site para o município de Canoas, quando voto
em Porto Alegre.
Há informação de eleitor falecido há 19 anos com votação atribuída, corroborando a tese de que
trata-se de uma aplicação que utiliza alguma base vazada de CPF para entregar uma informação
aleatória de votação com único objetivo de causar tumulto.
Em 12 de dezembro de 2022.
Daniel Wobeto
Secretário de TI
Dia da vergonha!O que deveria ser chamado de "justiça", está nesse momento diploma do o maior ladrão que o mundo já viu .Devidamente lavado,ensaboado e perfumado pelo Stf para voltar com toda sua quadrilha a saquear nosso país .
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