Grêmio: o que era para ser mas não é, por Facundo Cerúleo

O fato concreto é que o Grêmio tem 43 pontos e o Botafogo, 51: diferença de 8. E ainda restam 14 rodadas, 42 pontos em disputa.

Mas se o Grêmio houvesse vencido o Botafogo (na Arena), teria hoje 46 contra 48 do Fogão, diferença de 2. E se ainda trouxesse mais 2 pontos (só 2 pontinhos!) das partidas ridículas contra Santos e Vasco (uns lascados), estaria então com 48 ele também.

Contra o Botafogo, fez um excelente primeiro tempo. Mas Renato, o Invicto, fez das suas: desmontou o setor de meio-campo para o segundo tempo. E o adversário deitou e rolou. Foi Renato quem perdeu o jogo!

Contra os piores do campeonato (Vasco, Santos, Goiás), foi um fiasco que nem merece descrição.

Parece evidente que o Grêmio tem condições de produzir muito mais do que vem mostrando. E se considerarmos que as equipes tidas como as melhores (Palmeiras, Flamengo e Atlético Mineiro) estão jogando menos do que o esperado, chegaremos a que este campeonato estaria ao alcance do Grêmio caso ele fizesse com mais qualidade a sua parte.

Por que o Grêmio não tem, até agora, uma boa articulação entre os setores da equipe, uma defesa organizada nem um repertório de jogadas?

Quem tem cabeça e é capaz de analisar o futebol sabe que um trabalho coletivo bem treinado potencializa as individualidades. E se pensarmos que o Grêmio tem algumas individualidades que, no contexto brasileiro, estão acima da média (sem falar em Luis Suárez, um jogador fora de série), a conclusão é que era para estar muito melhor. Por que não está?

Mas o pior é o diagnóstico feito pelo Invicto e, que horror!, pelos iluminados da imprensa. Tudo que os sabichões sabem dizer é que "não foi competitivo", "faltou empenho", "jogadores não responderam", etc. O pessoalzinho da imprensa não tem coragem (ou falta talento?) para questionar o Invicto, que termina celebrado pelos iluminados como gênio, o que nunca foi!

E pode piorar. Há uma forçação de barra para forjar um consenso em torno do nome do Invicto e garantir a sua manutenção no comando técnico. Quem faz isso? Os iluminados, óbvio! Destaque para os moços da Gaúcha, em campanha aberta para que o Invicto renove com o Grêmio - e seja fonte de notícias em 2024.

E sabe como é. O que não falta é gente abestada e sem capacidade para desconfiar da conversa mole dessa imprensa.

Como resultado, quem dirige o clube fica na pressão, tendo que atender expectativas de um tipo de sócio que, cabeça feita pelos deformadores de opinião, mais enche o saco do que ajuda.

Quando foi que tivemos um campeonato tão ao alcance do Grêmio? Será que Alberto Guerra compreende que o Grêmio poderia estar na liderança? E terá ele coragem de dar um basta à baderna?




Um comentário:

  1. É sempre um prazer ler as análises irretocáveis do nosso ilustre Facundo Cerúleo. Aliás, por que o Índio Velho Pampeano não publica um livro com todas as colunas que escreve no Blog do Políbio?

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