Alex Pipkin, PhD
Era sexta-feira, fui a um bar. Tomei um honesto Néctar dos Deuses. Fui dormir.
E aí, entre pensamentos e reflexões, não sei se sonhava acordado ou estava acordado sonhando.
Imaginava um país erguido sobre princípios claros e universais, que a história da humanidade — e a história econômica, em particular — comprovam conduzir ao crescimento econômico e ao desenvolvimento social.
Mas acordei num sábado cinzento. E vi o país que temos hoje. Um lugar onde o poder judiciário, inchado e arrogante, veste a toga como armadura e dita regras próprias, promovendo uma verdadeira ditadura da toga. Onde a disparidade entre os Poderes é tão grave que o equilíbrio virou piada amarga.
Esta é a fábula que conto, não do país que temos, mas do país que acredito ser possível, aquele que respeita as liberdades individuais e econômicas, que cultiva a responsabilidade, a segurança jurídica e o respeito à Constituição como pedra fundamental.
Estava eu sonhando?
Era uma vez uma nação que se via justa e igualitária no espelho, embora a imagem fosse distorcida. Governantes proclamavam a “justiça social” e a “igualdade” — a velha e surrada retórica marxista, enganadora, que nunca deu certo e nunca dará — enquanto o Estado engordava, pesado e improdutivo. Impostos formavam muralhas invisíveis, sufocando quem trabalha e empreende. O déficit público crescia como erva daninha, e o funcionalismo inchava, acomodado na ineficiência
No tabuleiro desigual dos Poderes, o Judiciário imperava, moldando a Constituição conforme interesses políticos e pessoais. A toga, em vez de símbolo de imparcialidade, virou manto de ativismo judicial, arma para impor coletivismo e cercear liberdades. A lei era cumprida quando conveniente e ignorada quando incômoda.
A liberdade de expressão era uma vitrine frágil, com censura disfarçada e vigilância constante. A imprensa, longe de ser farol, agia como cortina, filtrando e distorcendo a luz da informação para servir à narrativa oficial. Mesmo sonhando, eu nunca imaginei que os progressistas do atraso defenderiam a perseguição política, a censura, a ditadura da toga e a falta de liberdades.
Nesse reino, o ambiente de negócios era um pântano. Impostos sufocantes, regras voláteis e burocracia como labirinto desencorajavam a iniciativa. Empreender era uma aventura perigosa, e o cidadão dividia sua energia entre guerras ideológicas e desconfiança mútua.
E, no sonho dentro da fábula, eu via outro país.
Lá, a justiça era cega de verdade — sem essa miopia seletiva que permite sentenças politizadas e favores sob a toga. A Constituição era pedra firme, não argila para modelar conveniências. O ativismo judicial, essa máscara para interesses ocultos, não existia. A lei era cumprida, dura e igual para todos.
A economia era terreno sólido, fértil para a liberdade de empreender e competir. O esforço, a inovação e a responsabilidade individual eram os verdadeiros incentivos. Quem plantava, colhia. Quem se acomodava, aprendia a se sustentar sem mendigar do Estado.
O Estado cuidava do que lhe competia — e os incentivos à verdadeira prosperidade importavam e muito. Em parceria com a iniciativa privada, zelava pela educação eficiente, pela saúde decente e, especialmente, por um ambiente econômico estável onde as oportunidades pudessem brotar para todos, não só para poucos privilegiados. Não era um gigante sufocante, mas a base firme para o crescimento.
Nesse país, a polarização política diminuía. Não por uniformidade de pensamento, mas porque o crescimento deslocava o foco do conflito para o progresso. As discussões passavam a ser sobre empregos reais, negócios sustentáveis, escolas que funcionam e hospitais que atendem — não mais sobre “nós contra eles”.
O sucesso coletivo brotava do sucesso individual.
E um dia, talvez, nesse país que eu imagino, dissipar-se-ia a sombra que hoje domina nossa terra — a sombra dos “donos do poder”, da “deselite” que Raimundo Faoro tão magistralmente descreveu. Uma (des)elite que extrai a renda da população, impede o florescimento das oportunidades para todos e bloqueia o crescimento econômico e o desenvolvimento social de fato.
E então o país que se perde no espelho teria coragem de atravessá-lo. Descobriria, enfim, que o outro lado não é utopia, mas consequência inevitável de escolhas certas. Onde a única polarização que importe seja entre quem escolhe trabalhar duro e quem prefere reclamar no bar — ou entre quem acredita na realidade e a grande massa de iletrados no Brasil que persiste em crer nas utopias marxistas do impossível.
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