Análise

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu ontem, por unanimidade, manter a taxa básica de juros em 6,50% ao ano, em linha com o esperado pelo mercado. As projeções utilizando o cenário de mercado do Focus apontam variações do IPCA de 4,2% neste ano (com Selic de 6,50% e câmbio de R$/US$ 3,63 no final do período) e de 3,7% para 2019 (juros de 8,00% e câmbio encerrando o ano em R$/US$ 3,60). No encontro de maio, tais projeções foram de 3,60% e 3,90%, respectivamente, com o cenário vigente à época (Selic em 6,25% e câmbio de R$/US$ 3,40 no final dos dois períodos). Já no cenário com a Selic constante no atual patamar e câmbio de R$/US$ 3,70 (nível médio nos dias imediatamente anteriores à reunião), as projeções de inflação ficam “em torno” de 4,2% em 2018 e 4,1% em 2019 – eram de 4,0% anteriormente nos dois anos. Vale registrar que as metas de inflação são de 4,50% e 4,25%, respectivamente, neste e no próximo ano-calendário. 
No que se refere à atividade econômica, a autoridade monetária pontuou que a recente paralisação dos caminhoneiros dificulta a leitura dos dados recentes, mas que o cenário básico é o de continuidade do processo de recuperação, em ritmo “mais gradual”. Anteriormente, falava-se em “recuperação consistente, mas gradual”. A greve, ainda, deverá ter impactos “altistas significativos, mas temporários” sobre os preços, segundo explicitado pelo colegiado, porém com os núcleos de inflação seguindo em níveis baixos.
Na avaliação do quadro internacional, a visão é de que o cenário desafiador para países emergentes, e de volatilidade, em grande medida por conta da normalização da política monetária em algumas economias avançadas, se intensificou. Apontando que o cenário prescreve a manutenção de uma política monetária estimulativa, o Copom enfatizou que “não há relação mecânica entre os choques recentes e a política monetária”, que deve reagir apenas aos efeitos secundários desses choques sobre as projeções de inflação e o balanço de riscos, separando mudanças de preços relativos de processos inflacionários. Esse ponto está muito alinhado com os discursos recentes do presidente da instituição, Ilan Goldfajn, afastando o uso de juros para conter pressões diretas da depreciação cambial. Nesse contexto, segundo o comunicado, os próximos passos da política monetária dependerão da evolução da inflação, das expectativas, da atividade e do balanço de riscos. Com isso, os economistas do Bradesco sustentam a expectativa de taxa básica para o final de 2018 em 6,50% ao ano.

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