O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu ontem, por unanimidade, manter a taxa básica de juros em 6,50% ao ano, em linha com o esperado por nós e pelo mercado.
Na análise a seguir, enviada esta manhã ao editor pelos economistas do Bradesco, fica claro que no comunicado divulgado após a decisão, o colegiado reconheceu que a inflação de junho refletiu os efeitos altistas derivados da paralisação no setor de transportes e de outros ajustes de preços relativos, mas que os dados recentes corroboram a visão de que tais efeitos devem ser temporários, com as medidas de núcleo seguindo em níveis baixos.
Leia toda a análise:
As projeções utilizando o cenário de mercado do Focus apontam variações do IPCA “em torno” de 4,2% neste ano (com Selic de 6,50% e câmbio de R$/US$ 3,70 no final do período) e de 3,8% para 2019 (juros de 8,00% e câmbio encerrando o ano em R$/US$ 3,70). No encontro de junho, tais projeções foram de 4,2% e 3,7%, nessa ordem, com o cenário vigente à época (mesma trajetória de juros e câmbio de R$/US$ 3,63 e de R$/US$ 3,60 nos dois períodos). Já no cenário com a Selic constante no atual patamar e câmbio de R$/US$ 3,75 (nível médio da semana anterior à reunião), as projeções de inflação ficam em torno de 4,2% e 4,1%, neste e no próximo ano. Vale registrar que, em todos esses cenários, os modelos apontam inflação abaixo do centro da meta para este ano e o próximo (4,5% e 4,25%, nessa ordem). Contudo, o BC apontou a necessidade de avaliar o cenário e acompanhar os possíveis efeitos secundários dos choques recentes. Em relação à atividade econômica, a autoridade monetária pontuou que o processo de recuperação da economia segue, porém em um ritmo mais gradual do que o esperado antes da referida paralisação. Na avaliação internacional, a visão é a de que o cenário segue desafiador, apesar de ter acalmado recentemente, tendo como principais riscos a normalização das taxas de juros de economias avançadas e as incertezas em relação ao comércio global. Assim, o Copom permaneceu apontando que o cenário prescreve a manutenção de uma política monetária estimulativa e que pautará sua atuação, agora voltada para 2019, com foco na evolução das projeções de inflação, atividade e no seu balanço de riscos, reagindo apenas a efeitos secundários. Com isso, mantemos a nossa expectativa de taxa básica até o final de 2018 em 6,50% ao ano.
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