Um estudo disponível no site do Ministério do Turismo,
realizado pela WTTC – principal consultoria mundial na área do turismo —,
indicou que o setor representou, em 2017, uma injeção de US$ 163 bilhões na
economia, representando 7,9% do PIB, e foi responsável por 6,7 milhões de
empregos. Em termos mundiais, representa cerca de 10,4% do PIB global e com uma
estimativa de crescimento anual de 3,8% entre 2018 e 2027.
Os dados nos remetem a uma reflexão sobre o litoral do
Rio Grande do Sul, no geral tão pouco valorizado. De Torres a Hermenegildo, de
norte a sul, há uma economia deprimida, basicamente vinculada ao setor
primário. Nossas praias estão muito mais ligadas ao lazer e ao fascínio que o
mar traz a todos do que a uma atração mais organizada.
Já disse aqui que, além do mar, temos um colar de lagoas
que apresentam um ambiente limpo e agradável e muito pouco conhecido e
explorado. Esse fascínio gerou ao longo de toda a costa gaúcha um gigantesco
investimento imobiliário representado pelas residências lá existentes e que
passam a maior parte do ano abandonadas, transformando-as em verdadeiras
cidades fantasmas na maior parte do ano. Dos espigões de Capão da Canoa aos
condomínios horizontais de Xangri-Lá, a ocupação das residências é
reduzidíssima fora dos períodos do veraneio e feriados.
Temos lá a falta de um empreendedorismo mais profissional
que permita uma maior ocupação durante o ano. Gramado ensina bem, pois a
capacidade de gradativamente implementar novos atrativos à cidade o
transformaram em um dos principais polos turísticos brasileiros, o ano todo.
O perigo por trás do perfil do homem cortejadorO perigo
por trás do perfil do homem cortejador
A cadeia produtiva que suporta a expansão do setor
imobiliário é uma das poucas que ainda se sustenta e é bastante completa.
Pequenos comércios, restaurantes e outros tantos sofrem com a falta de
atrativos durante o ano e lutam para sobreviver face à forte sazonalidade da
região.
O encurtamento do período de verão também restringe ainda
mais a viabilidade dos pequenos empreendimentos que lá trabalham e sobrevivem
com o que ganham no período. Antes, as férias de verão começavam no final de
dezembro e iam até o início de março. Hoje, apenas parte de fevereiro compõe
nosso verão. O início do ano letivo em grande parte das escolas de ensino
privado em 17 de fevereiro cortou o mês ao meio e esvaziou parte das praias.
Alguém sabe calcular o prejuízo que causou à economia local? Até o início do
próximo verão, nossas praias voltam a viver de alguns finais de semana e
feriados.
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