Esta análise é dos economistas do Bradesco e foi enviada hoje ao editor.
Em decisão unânime e sem surpresas, o Comitê de Política
Monetária (Copom) decidiu, na quarta-feira, manter a taxa básica de juros em
6,50%. No comunicado divulgado após a decisão, o colegiado reconheceu o fraco
desempenho da atividade econômica, indicando que o processo de recuperação da
economia foi interrompido nos últimos trimestres e reafirmou a leitura de que
os núcleos de inflação estão em níveis apropriados.
As projeções de inflação apontadas no documento foram revisadas
para baixo, indicando um quadro benigno para a variação dos preços no médio
prazo. No cenário de mercado do Focus, as projeções de inflação encontram-se em
3,6% e 3,9% para este e o próximo ano, nessa ordem. Já no cenário com Selic
constante no atual patamar e câmbio estável em R$/US$ 3,85 (nível médio da
semana passada), as projeções de inflação ficam “em torno” de 3,6% para 2019 e
3,7% para 2020. Em ambos cenários, as estimativas estão abaixo do centro das
metas deste e do próximo ano, respectivamente, em 4,25% e 4,00%.
No comunicado, o colegiado afirmou que existem riscos para o
cenário de inflação em ambas as direções. Do lado altista, permanecem os riscos
relacionados a uma eventual frustração em torno da agenda de reformas, e esse é
o risco preponderante na avaliação do Copom. Do lado baixista, o Copom
ressaltou o elevado nível de ociosidade da economia. Em relação ao cenário
externo, a avaliação do Comitê foi de melhora, refletindo a mudança nas
perspectivas de condução de política monetárias nas principais economias, ainda
que exista o risco da desaceleração global.
Por fim, o Copom enfatizou a importância da continuidade das
reformas para a queda da taxa estrutural de juros, para a recuperação
sustentável da economia e a manutenção das projeções de inflação.
Ao nosso ver, o Banco Central deixa aberta a possibilidade de
corte de juros nas próximas reuniões, à medida que a agenda de reformas avançar
e as condições de contorno da atividade e inflação permitirem um corte de
juros. Assim, continuamos com a expectativa de cortes na taxa Selic, encerrando
este ano em 5,75%.
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