No mês em que as mulheres são as protagonistas, a edição de março do tradicional Grand Round promovido pelo Hospital Moinhos de Vento trouxe à tona questões do dia a dia feminino e suas repercussões na saúde. Variações hormonais, sexualidade e um toque de arte deram o tom à fala do palestrante convidado, o ginecologista Eliano Arnaldo José Pellini, professor afiliado da disciplina de Ginecologia da Faculdade de Medicina do ABC.
Com o destaque da pintura O Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli, Pellini abordou os temas de uma forma lúdica, sem deixar de lado a técnica. “Os próprios pensadores da Antiguidade já tinham a noção de que os hormônios passavam pelo humor.” De maneira descontraída, ponderou que os homens têm apenas a testosterona. Já as mulheres, só em estrogênio, têm quatro: estrona, estradiol, estriol e estetrol”, destacou. E acrescentou: “Os hormônios são os tutores da nossa sexualidade e os protetores de nossos equipamentos sexuais.”
O especialista também abordou o tema sexualidade e pandemia. “Foi um período ruim para todos. Os jovens perderam o toque, o cheiro. E ainda ficou o medo. Tivemos um atraso na evolução sexual e ainda vai levar um tempo para se voltar ao normal”, constatou. Lembrou que disfunções sexuais até então vistas apenas em mulheres de 60 anos, hoje também são constatadas em mulheres da faixa etária dos 20. “Tivemos a perda do olfato, da qualidade da saliva, a perda da confiança. A vida sexual de quem já estava ruim só piorou”, observou. Quando falou sobre puberdade precoce, abordou ainda a repercussão das telas durante a infância. “Não é o tempo que se fica nas telas, mas o conteúdo erótico exposto. Deveria haver um controle. Há aplicativos em que o rolamento do feed é interminável”, sentenciou.
A gerente médica do Hospital Moinhos de Vento, Juçara Maccari, destacou a importância do Grand Round ao celebrar o Dia Internacional da Mulher e relembrou os avanços da luta feminina. “Estamos celebrando essas conquistas ao longo dos anos. Ainda temos muito o que avançar, mas hoje as mulheres já são mais valorizadas, assumindo posições de destaque na sociedade”, constatou.
Já o chefe do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia, Edson Vieira da Cunha Filho, lembrou que as diferentes fases da vida de uma mulher acabam sendo marcadas pela presença e variação hormonal. “Os hormônios acabam modulando do início ao fim”, observou.
De acordo com o médico, é fundamental que as mulheres fiquem atentas aos hormônios durante todas as fase da vida. “Na infância, algumas vezes, os hormônios começam a agir precocemente e a criança acaba entrando em puberdade precoce. Talvez, pelo resto da vida, ela irá pagar um preço por causa disso. Cada vez mais, a gente vê meninas entrando na puberdade precoce, estimuladas pelas mudanças da sociedade moderna”, constatou.
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