Fala de Trump em defesa de Bolsonaro eleva dólar e derruba a Bolsa

 O dólar fechou em alta de 0,3% nesta quinta-feira, cotado a R$ 5,417.

A Bolsa, também na esteira das declarações do republicano, fechou em queda de 0,24%, a 136.355 pontos.

A seguir, análise dos fatos de ontem feita pela Folha:

O impasse tarifário entre os dois países ainda inspira cautela no mercado financeiro e entre os investidors. Comentários de Trump sobre o Brasil nesta tarde tiraram a moeda da estabilidade e fizeram o dólar acelerar à máxima de R$ 5,431."O Brasil tem algumas leis muito ruins. Eles pegaram um presidente e o colocaram na prisão, ou estão tentando prendê-lo", disse, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)."Eles também nos trataram mal como parceiros comerciais por muitos e muitos anos, um dos piores, um dos piores países do planeta."

As declarações escalam as tensões comerciais entre os dois países, um dia depois do governo Lula apresentar um pífio plano de contingência para assistir empresas afetadas pela tarifa de 50% a produtos brasileiros.

A MP (Medida Provisória) apresentada cria uma linha de crédito de R$ 30 bilhões. Além de um recorte setorial, o governo fez uma avaliação individual para mapear aquelas mais impactadas, pois, dentro de uma mesma atividade, há companhias mais ou menos dependentes das exportações aos EUA. O pacote, batizado de "Brasil Soberano", inclui também adiamento de impostos federais, maior ressarcimento de créditos tributários e uma reformulação nas garantias à exportação para facilitar a busca de novos mercados.

A MP terá vigência imediata e precisará ser apreciada pelo Congresso em até 120 dias.

Segundo o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, o governo vai pedir aos parlamentares uma autorização para excluir o pacote da meta fiscal de 2025. O montante deve alcançar até R$ 9,5 bilhões em medidas e será alvo de um projeto de lei complementar, afirmou.

A decisão vai na direção contrária do que havia sinalizado o chefe da pasta, ministro Fernando Haddad, um dia antes.Na terça, após participar de audiência pública no Senado Federal, Haddad disse que os valores ficariam fora do limite de despesas do arcabouço fiscal, como ocorre habitualmente com esse tipo de crédito, mas não da meta de resultado primário.

"O mercado está olhando isso como um ponto adicional de gasto do governo que, apesar de estar fora do limite do arcabouço, vai continuar sendo contabilizado para a meta fiscal. A preocupação é se isso vai gerar um desafio adicional para o cumprimento das metas e como o governo vai equalizar esse volume adicional de gasto, já que os R$ 30 bilhões são só o começo, segundo o Executivo, da ajuda fornecida", diz João Ferreira, sócio da One Investimentos.

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