Artigo, especial, Jerônimo Goergen - Biodiesel: valor ambiental, força econômica e estratégia para o futuro do Brasil

Ao assumir a presidência da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (APROBIO), renovo um compromisso que acompanha toda a minha trajetória pública: o de fortalecer o biodiesel como uma política estratégica para o desenvolvimento sustentável do país.


O biodiesel teve, desde sua origem, um papel fundamental no Brasil. No início, destacou-se pelos ganhos ambientais e de saúde pública, ao reduzir emissões, melhorar a qualidade do ar e substituir combustíveis fósseis altamente poluentes. Ao mesmo tempo, tornou-se um poderoso instrumento de geração de empregos, agregação de valor às matérias-primas agrícolas e dinamização das economias regionais.


Com a expansão do setor e o aumento gradual da mistura obrigatória, um segundo benefício estrutural ganhou ainda mais relevância: a produção de proteína animal. O biodiesel impulsiona diretamente a oferta de farelo, insumo essencial para a alimentação animal, fortalecendo cadeias como a de aves, suínos, bovinos e pescado, ampliando a produção de alimentos e ajudando o Brasil a atender mercados internos e externos cada vez mais exigentes.


Hoje, entramos em uma nova fase. A ampliação do biodiesel representa um ganho direto para a produção de soja e de grãos no Brasil. Em especial no caso da soja, estamos deixando de ser apenas exportadores de grão in natura para avançar na industrialização dentro do país. Isso significa mais valor agregado, mais empregos, mais renda e uma presença internacional mais qualificada. A soja brasileira, processada aqui, transforma-se em energia limpa, proteína e desenvolvimento — um diferencial que poucos países conseguem oferecer com a mesma escala, qualidade e sustentabilidade.


Esse modelo posiciona o Brasil de forma única no cenário global. Temos matéria-prima, tecnologia, capacidade industrial e uma matriz energética alinhada às exigências do futuro. Cabe a nós transformar essa vantagem em abertura de mercados, reconhecimento internacional e liderança na transição energética.


Essa expansão exige responsabilidade. O setor está plenamente consciente das demandas dos consumidores. A questão dos motores novos já está equacionada pelas próprias montadoras. Já nos motores em circulação, o avanço passa necessariamente por um controle ainda mais rigoroso da qualidade do produto.


Esse compromisso com a qualidade será um dos pilares da nossa gestão. Na APROBIO, estamos trabalhando na construção de instrumentos, parcerias e processos que fortaleçam ainda mais o padrão do biodiesel brasileiro, garantindo segurança ao consumidor, previsibilidade ao mercado e confiança para avançarmos em novos patamares de mistura e na abertura de novos mercados.


Como presidente da APROBIO, criador da Frente Parlamentar do Biodiesel e autor do Projeto de Lei nº 528/2020 (PL 528/2020), que deu origem à política dos Combustíveis do Futuro, reafirmo: o biodiesel não é apenas uma alternativa energética. Ele é uma política industrial, agrícola, ambiental e social.


O futuro passa pelo biodiesel — e o Brasil está preparado para liderar esse caminho.


Jerônimo Goergen

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