Nas pegadas de um final de semana em que o Posto Ipiranga
de Jair Bolsonaro ameaçou fechar as portas —"Pego o avião e vou morar lá
fora", disse Paulo Guedes—, o IBGE informa nesta quinta-feira (30) que o
PIB do primeiro trimestre de 2019 foi medíocre. É o prenúncio de um mal maior:
o excesso de veneno na política intoxica a economia, comprometendo o crescimento
do país pelo terceiro ano consecutivo.
A recuperação da economia está, por assim dizer,
pendurada numa palavra: Confiança. Algo que os governos não conseguem inspirar.
Após a ruinosa gestão de Dilma Rousseff, o impeachment e a pauta liberal de
Michel Temer animaram a conjuntura. Súbito, o grampo do Jaburu carbonizou as
expectativas. Em vez de salvar a Previdência e sanear as contas públicas, Temer
priorizou o salvamento do próprio pescoço.
A eleição de Jair Bolsonaro, com Paulo Guedes a tiracolo,
reacendeu o otimismo do mercado. A ilusão durou pouco. Em cinco meses de
mandato, descobriu-se que a única coisa que cresce no Brasil é a capacidade do
capitão de produzir crises contra si mesmo. Já seria o suficiente para
potencializar o pessimismo. Nem precisava do auxílio externo proporcionado
pelos ruídos da guerra comercial entre China e Estados Unidos.
Continua na ribalta ela, a reforma da Previdência. Até o
asfalto já roncou pelo ajuste previdenciário —coisa inédita no mundo. Mas a
ficha dos atores políticos demora a cair. Com sorte, Bolsonaro se autoimpõe uma
abstinência de redes sociais. E a coisa se resolve até setembro. Com azar,
novas polêmicas esticarão a corda até as vésperas do Natal, empurrando o
pessimismo e a retração dos investimentos para dentro de 2020.
O brasileiro deve ser um dos sujeitos mais bombardeados
por notícias econômicas do mundo. Aqui, a economia tem mais espaço no
noticiário do que o futebol. Quanto mais a economia não dá certo, mais
manchetes ela ocupa. Quanto mais o cidadão acompanha as novidades, mais percebe
que entende apenas o suficiente para saber que precisa entender muito mais para
descobrir o que leva um país com 13 milhões de desempregados a desperdiçar
tanta energia com desavenças políticas.
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