Foram US$ 5 bilhões no ano passado
Sistema Android do Google permite que quase 13 mil
aplicativos violem a privacidade dos seus usuários James Beggs
A Europa está em guerra contra os gigantes da tecnologia.
A batalha da vez é a dos impostos. A França passará a taxar em 3% as atividades
do chamado grupo GAFA: Google, Amazon, Facebook e Apple. Toda vez que um
francês usar um serviço prestado por uma destas empresas vai pingar algum para
Marianne e seus filhos. Josep Borrell, prestes a trocar o Ministério das
Relações Exteriores da Espanha pelo comando da diplomacia da União Europeia,
defende uma taxação geral que beneficie todos os países do bloco.
O apetite dos políticos aumentou ainda mais na 5ª feira
passada (11.jul.2019) com a divulgação do estudo 50 maneiras de vazar seus
dados, feito em conjunto pela Universidade de Berkeley, IMDEA Networks
Institute de Madrid, Universidade de Calgary e o AppCensus. O resultado mostra
como o sistema Android do Google permite que quase 13 mil aplicativos violem a
privacidade dos seus usuários, mesmo quando eles se negam a autorizar o acesso
aos seus arquivos pessoais (leia aqui o estudo completo). Pior: a violação acontece
por culpa do Google, não dos usuários.
Os europeus contam com uma lei de proteção de dados
rigorosa. Vigora, por exemplo, o direito ao esquecimento. Isto significa poder
requerer ao Google ou qualquer buscador que delete todas as menções ao seu nome
ou quando houverem publicações “atingindo a honra, a intimidade ou a própria
imagem” do cidadão. É a pessoa que decide o que fica, não a empresa.
Os dados apresentados no estudo feito a quatro mãos são,
para dizer o mínimo, de dar medo. Ao analisarem 88 mil aplicativos da Google
Play Store, os pesquisadores descobriram milhares deles acessando dados
pessoais dos usuários sem ter autorização para isso. A invasão acontece quando
o celular funciona com sistema operacional Android, o mais popular e disseminado.
Os aplicativos são programados para se aproveitarem de vulnerabilidades do
Android e literalmente roubar dados pessoais e utilizá-los para os mais
diversos fins, lícitos ou não. Uma encrenca.
Os aplicativos invasores
mais baixados são o da Disney de Hong-Kong
–produzido pelo buscador chinês Baidu–, FaceApp, Shutterfly e aplicativos de
saúde da Samsung. Entre os produtores de aplicativos maliciosos, 1 é inglês, 4
são americanos e 4 chineses. Ou seja: tem gente dos 4 cantos do mundo metida
nesta trampa. Pela Lei Geral de Proteção de Dados da Europa, as multas podem
chegar a 20 milhões de euros.
No Brasil, onde procuradores do Ministérios Público vivem
o inferno dos celulares invadidos e conversas pessoais no aplicativo de
mensagens russo Telegram tornadas públicas, a lei de proteção de dados foi
sancionada no ano passado pelo presidente Temer, mas só entrará em vigor em
2020. Demorou mais de 8 anos sendo debatida, embora trate de um direito dos
Brasileiros à vida privada e à intimidade garantido pelo Artigo 5º, inciso X da
Constituição.
Neste nosso mundo digital ninguém está livre de ter sua
privacidade devassada seja de uma forma sutil, como descobriram os
pesquisadores, seja com violência da pura e simples invasão seguida de roubo de
todo tipo de dado pessoal. O que estas empresas de aplicativos vendidos na
Google Play Store estão cometendo é um crime grave, que não somente deve ser
combatido, como punido. Não é por acaso que em 2018 a União Europeia cobrou do
Google mais multas que impostos: nada menos que 5 bilhões de dólares
Nenhum comentário:
Postar um comentário