Análise - Como ficarão os juros básicos

- Este material é dos economistas do Bradesco, conforme newsletter desta manhã.

O Copom elevou a Selic para 10,75%. Conforme anunciado ontem, o Banco Central decidiu elevar a taxa de juros em 1,5 p.p. O ajuste ocorreu dentro do sinalizado em sua reunião anterior. A atualização do cenário do Copom, descrita no comunicado da decisão, trouxe poucas mudanças em relação à leitura anterior. A avaliação para o ambiente externo se manteve negativa, sobretudo para as economias emergentes, diante da persistência das pressões inflacionárias, que trazem risco de um aperto monetário mais célere nos Estados Unidos, e da onda de Covid-19 pela variante Ômicron, que traz incertezas tanto quanto ao ritmo da atividade econômica e, ao mesmo tempo, pode postergar a normalização das cadeias globais. Para a atividade econômica, o BC reconheceu a evolução melhor que a esperada nos indicadores relativos ao quarto trimestre, especialmente no mercado de trabalho. A inflação ao consumidor, por sua vez, seguiu surpreendendo negativamente, tanto nos componentes mais voláteis como nos itens associados à inflação subjacente. As projeções para o IPCA do cenário de referência do Copom situam-se em 5,4% para 2022 e 3,2% para 2023, considerando a trajetória de juros que se eleva para 12,0% no primeiro semestre deste ano e termina o ano em 11,75%, reduzindo-se para 8,0% em 2023.

Para a próxima reunião, o Copom antevê como mais adequada a redução do ritmo de ajuste. Segundo o colegiado, essa estratégia reflete o atual estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos defasados vão se manifestar ao longo do horizonte relevante, que inclui os ano de 2022 mas, em maior grau, 2023. Ainda assim, o Copom enfatizou que sua estratégia de levar a taxa de juros para o terreno significativamente contracionista permanece válida enquanto não houver desinflação e ancoragem das expectativas ao redor das metas. Logo, a evolução do cenário até as próximas reuniões será crítica para determinar os passos seguintes e o ponto terminal. Com dados melhores, é provável que o ponto terminal fique em 12,0%. Com dados menos favoráveis, o ciclo de alta pode se estender um pouco mais. Nossa expectativa é de que a Selic chegará a 12,25% no pico do ciclo e 11,75% ao final deste ano.

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