Microentrevista com deputado Ubiratan Sanderson - Deputado conta tudo que sabe e viu ao visitar as 320 presas políticas da Colméia

MICROENTREVISTA
Deputado Ubiratan Sanderson, PL do RS

Poucos deputados e senadores visitam os centrenas de presos políticos de Brasília para saber como estão e o que podem fazer por eles. O senhor fez, ontem, a quarta visita às presas da Colmeia.
Hoje (ontem) eu e a deputada federal Júlia Zanatta (PL/SC), usando da prerrogativa constitucional, estivemos com as presas. Acompanhou-nosa diretora do presídio feminino do Distrito Federal (Colmeia).

Quantas presas políticas estão lá e há quanto tempo ?
Fomos verificar as condições em que se encontram as cerca de 320 mulheres, presas há mais de 30 dias em decorrência do evento do dia 8 de janeiro na Praça dos 3 Poderes. 

Não foi sua primeira visita.
Esta foi a 4ª vez que estive inspecionandom as condições das mulheres presas. 

Quanto tempo durou a visita ?
A verificação de hoje durou 2 horas. 

Os familiares podem visitar estas centenas de presas políticas ?
Familiares ainda não estão conseguindo acessar o presídio. 

E os advogados ?
Advogados tem acesso por hora marcada, uma vez por semana. 

As presas estão em celas comuns e em que condições ?
Elas não estão em celas comuns, mas numa área onde tem uma espécie de sala grande e vários quartos. Elas não podem sair dessa área, que conta com uma porta de ferro para o interior do presídio. Há janelas com grades de ferro para entrada de ar. Elas tem 2 horas de sol por dia. Não tem contato com as presas condenadas por crimes comuns. Recebem café, almoço, janta e uma ceia as 22h. Agora já tem material de higiene suficiente para todos, inclusive absorvente. Não tem acesso a TV, rádio, celular. Os quartos não possuem portas, de modo que as detentas podem conviver entre si. São três áreas como essa, com 100 mulheres casa área. 

Esta prisão tem algum amparo legal ?
Estão presas preventivamente (artigo 312 do Código de Processo Penal). 

Até onde o senhor sabe, estas presas políticas promoveram atos de vandalismo ?
Das 492 mulheres que adentraram na Colmeia nos dias 9 e 10, 430 foram presas no acampamento (ou seja: não tiveram participação direta nos atos de vandalismo). 

Ninguém sabe como anda o caso de Ana Priscila, apontada como infiltrada e protagonista de cenas explícitas de vandalismo.
A tal Ana Priscila Azevedo foi presa em Luziânia-Goias e está presa em uma cela separada das demais mulheres. Está sozinha. No dia do quebra-quebra (domingo) ela fugiu, sendo presa pela PF na quinta daquela fatídica semana.

Quantas já foram liberdadas ?
Das 492 presas, 170 já foram soltas, com uso de tornozeleira eletrônica. 

Os presos políticos queixam-se de que foram enganados por policiais e militares no momento da prisão.
É verdade.Todos os que estavam no acampamento (homens e mulheres) foram convencidos por PMs e Militares do QG Exército (segundo relato delas) a deixarem o acampamento, entrarem em ônibus, que seriam triados e após liberados. O que era uma mentira pra que não houvesse fugas e nem resistência. 

Em que pé está o inquérito ?
As primeiras denúncias já foram apresentadas pelo MPF. 

E quem julgará ?
Os processos vão correr no STF, o que é um absurdo jurídico, já que os manifestantes presos não possuem foro privilegiado e teriam que ser julgados por juízes federais de 1º grau. No STF eles não terão direito a recurso. 

Prisões de manifestantes que não promoveram atos de vandalismo estão presos ilegalmente.
É urgente separar os culpados dos inocentes, para que aqueles que não tiveram participação delitiva sejam colocados em liberdade o quanto antes.

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