A Operação Satiagraha também visou Lula e Dilma

       O Delegado Protógenes Queiroz sabia que a Operação Satiagraha contou com a aprovação direta de Lula, que voltou atrás depois que os acontecimentos chegaram muito perto do seu governo. O banqueiro Daniel Dantas tinha todo mundo nas mãos e vazou o número da conta do Mensalão em Nassau.
        Mesmo passados dois anos do seu lançamento, que aconteceu em 2014,  o livro Assassinato de Reputações, prossegue  surpreendendo pelas revelações que fsz o delegado Romeu Tuma Júnior, que durante três anos privou da intimidade do governo Lula, no comando da Secretaria Nacional de Justiça, trabalhando sob a liderança do então Ministro da Justiça, o ex-GovernadorTarso Genro.
        Tuma Júnior é filho de Tumão, o mitológico chefão do Dops de São Paulo na época dura da ditadura militar, posição na qual recrutou o então líder sindical Lula da Silva para ser seu alcaguete – o dedo duro que informava aos policiais e aos militares tudo o que acontecia na CUT e no PT.
        Num dos capítulos mais pormenorizados, ao contar os bastidores da Operação Satiagraha e o embate mortal entre os Delegados Paulo Lacerda e Protógenes Queiroz com a troika Lula, Dirceu e Gilberto Carvalho, uns atacando e outros defendendo os interesses do banqueiro Daniel Dantas, ele explicou no livro de que modo se colocavam as contradições entre as lideranças do PT:
      - Tarso não gostava de Lula e nem de Dirceu;  e queria ver o circo pegar fogo. Ele era de uma facção contrária à majoritária no PT, e quando falo em facção contrária, refiro-me a grupos antagônicos de verdade, mais adversários do que a própria oposição. Eu sabia que Dantas tinha boas relações com expoentes do PT. A desgraça do banqueiro e de parte de seus Partidos, naquele momento, poderia render a Tarso novo protagonismo, como ocorrera quando do escândalo do Mensalão.
       Qual o interesse que tinha Tarso Genro em ver “o circo pegar fogo” ?      
        Leia o que escreve Tuma Júnior na página 403 do seu livro:
        - Isto lhe beneficiaria na disputa presidencial (ele postulava a candidatura a Presidente e não acreditava em Dilma), ou no mínimo ao governo gaúcho. Afinal, Tarso sabia, como já dissera Protógenes, que a Operação Satiagraha era uma “missão presidencial”, que depois foi suspensa pelo envolvimento de gente do próprio Palácio do Planalto.
           No ninho de cobras em que se transformou o Ministério da Justiça sob a administração de Tarso Genro, Lula não foi ameaçado no decorrer da Operação Satiagraha, porque até mesmo na Polícia Federal ele corria riscos.
            O corrosivo último capítulo do livro “Assassinato de Reputações”, no qual o delegado Tuma Júnior narra aquilo que ele intitula “A chantagem contra o presidente da República”, é prova disto.
       No livro, é narrado todo o escabroso episódio que envolveu o então chefão da Polícia Federal, o gaúcho Luiz Fernando Corrêa, homem de Tarso Genro, seu companheiro da República de Santa Maria, que teria se mantido no cargo porque tinha em seu poder fotos comprometedoras envolvendo Lula. Quem lhe contou tudo foi o ministro Luiz Paulo Barreto, o sucessor de Tarso no ministério da Justiça. Escreve Tuma Júnior, página 506:
        - Estas fotos do Lula o Luiz Fernando obteve quando era secretário nacional de Segurança Pública.
         Ele se pergunta no livro:
         -Quanto desse tipo de chantagem não terá contaminado o governo Dilma?
         Mais adiante, sempre sem contar o que continham as fotos, todas obtidas durante visita de Lula à Amazônia, Tuma Júnior fornece uma pista instigante:
        - Contei ao meu pai, Tumão, o que ouvi. Ele era senador e presidente da CPI da Pedofilia.
        Tumão fez silêncio por alguns segundos, perguntou se era sério o que o filho dizia, calou-se novamente por mais alguns segundos  e se despediu com uma frase de desalento:

      - Vamos descansar filho. 

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