Ano novo abre novo ciclo na democracia brasileira,


Acabou a era da socialdemocracia

Bolsonaro é mais radical que Trump

A mudança não parece ocorrer apenas no mando de governo. Vem algo distinto por aí, na economia e na política. Forja-se, aqui e alhures, a democracia do século 21.
Após décadas de “desenvolvimentismo”, o Brasil verá reduzir o poder do Estado, livrando agentes econômicos e sociais dos controles públicos. Conheceremos uma espécie de alforria regulatória. Adeus, esquerda.
Bolsonaro e seu guru econômico Paulo Guedes prometem mudar a essência. Mais que liberal –que é antigo– atrelar o país ao mundo globalizado. Vai secar a teta do Tesouro onde mama o empresariado, urbano ou rural, ineficiente. Tomara.
Bolsonaro se elegeu por fora, e contra, o sistema político vigente. É como se nos EUA vencesse um candidato independente, nem democrata nem republicano. Bolsonaro é mais radical que Trump.
A análise mais fácil sobre Bolsonaro entende que sua vitória significa mera alternância de poder, típica das democracias republicanas. Nesse sentido, seria uma prova da vitalidade do sistema vigente. Pode ser.
Penso, modestamente, que algo mais sério estamos presenciando. Parece estar havendo uma ruptura no modelo democrático erigido desde o final da Segunda Guerra. Uma mudança de paradigma.
Indica estarmos galgando à um regime político que dispensa a mediação dos partidos e, graças à internet, seus líderes dialogam diretamente com o povo. E vice-versa. Qual democracia será essa?
Certos sabichões, pródigos da verve tradicional, dirão rapidamente que isso é bobagem, que logo tudo voltará ao “normal”. São os mesmos que diziam que Bolsonaro tinha nenhuma chance de vencer. Erraram feio.
Vamos ser realistas: a democracia, tal como a conhecemos, está em crise, aqui e mundo afora.
Crise não significa piora. Significa, isso sim, evolução. Será distinta, e superior, a forma de os cidadãos decidirem sobre seu futuro comum.
Acaba o tempo daquela velha casta política que mandava em tudo e que, por isso, agora, crescentemente sofre a ojeriza popular. A cidadania conectada nas redes quer distância dos controles partidários. Mais. Todos querem ser protagonistas.
Quanto tempo durará até chegarmos, como imagino, à democracia sem partidos?
Não sei. Nem creio que Bolsonaro seja seu principal formulador. Seu papel, corajoso e histórico, foi o de um aríete. Ele foi fundamental para arrebentar, aqui no Brasil, a velha ordem política.
Que venha o esperançoso 2019!


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