Veículo divulgou renda de 2018. Resultado é de US$ 1,748 bilhões
O sonho de qualquer veículo que queira durar mais do que
o jornalismo impresso é transformar seu modelo de negócios em digital. O New
York Times está quase lá.
O Times anunciou seus resultados financeiros do 4º
trimestre e do ano de 2018 na manhã de 4ª feira (6.fev.2019), e há muitas boas
notícias. (Uma rápida heurística que eu gosto de usar em relatórios de lucro de
empresas jornalísticas é procurar no press release qual é a proporção do uso
das palavras “digital” e “impresso”. Hoje: 40 a 17.) O mais importante: o Times
gerou USD$709 milhões em renda digital em 2018, aproximando-se do seu objetivo
ambicioso, planejado em 2015, de atingir USD$800 milhões em receita digital até
2020. Chegarão lá com poucas dificuldades –desconsiderando-se a possibilidade
de 1 colapso econômico, guerra civil, etc
Irradiando confiança, o CEO do Times, Mark Thompson,
apresentou 1 novo plano: “aumentar nosso número de assinaturas para mais de 10
milhões de assinantes até 2025”. (Está mais formalizando do que anunciando o
objetivo –10 milhões de assinantes tem sido uma aspiração Timesiana já há
alguns anos. Eles contam com 4,3 milhões agora, contando as versões digital e
impressa).
O Times faturou 1 total de USD$ 1,748 bilhões em 2018, o
que significa que a receita digital representa mais de 40% do total. Pelo
caminhar das tendências do digital e do impresso, não vai demorar muito para
chegar a 50% –minha aposta é o 2º trimestre de 2020. (O conselho do Times
projeta que a publicidade digital e a renda em circulação cresçam em números de
“meia-adolescência” [15 a 17] deste ponto em diante, com renda geral crescendo
somente em “dígitos singulares baixos e médios.”)
Para mostrar o progresso que o Times já fez em sua
transição, eu busquei a porcentagem de sua publicidade e receita em circulação
no meio digital a cada ano desde 2013, quando o veículo começou a contabilizar
a renda digital separadamente. O padrão é óbvio e positivo –a cada trimestre, o
Times fica menos dependente da receita que vem da edição impressa.
Um objetivo comum em círculos de jornais há poucos anos
atrás era de algum dia poder ganhar dinheiro suficiente com o digital para
cobrir os custos da redação. Bom, atualmente, o Times poderia pagar pela
redação duas vezes somente com o dinheiro do digital. O que deve explicar por
que a redação continua crescendo –o Times anunciou que agora emprega 1,600
jornalistas, 1 máximo histórico.
Enquanto isso, a empresa diz ter USD$ 826 milhões em
dinheiro vivo. Mesmo contando com o custo esperado de comprar de volta seu
prédio neste ano, o Times tem dinheiro suficiente para considerar aquisições
significativas, se encontrarem valor. Tem algum outro Wirecutter por aí que
poderia se encaixar dentro dos valores do Times e diversificar o faturamento?
Há algo na Europa que poderia aumentar o número de assinantes por lá? Um
estúdio de podcast que poderia multiplicar o sucesso do The Daily?
Como eu aconselhei da última vez: “Pegue 98% da energia
que você coloca em preocupações sobre o futuro do Times e canalize-a para
preocupações sobre o seu jornal local, que está muito provavelmente
aproximando-se de uma crise existencial”.
*Joshua Benton é diretor de jornalismo do Nieman Lab.
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