Na próxima segunda-feira (11), começa a Semana da
Calourada na UFSM, com o tema "A Universidade se pinta de povo". A
programação marca o início das atividades letivas, além de recepcionar os mais
de 25 mil estudantes, em especial os calouros, novos na Instituição e, muitas
vezes, recém chegados em Santa Maria.
Esta edição da calourada, começou a ser pensada ainda em
outubro de 2018, a partir de projeto desenvolvido pelo Diretório Central dos
Estudantes (DCE) e apresentado à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) da
UFSM no início desse ano. A partir de então, diferentes setores passaram a
integrar a Comissão da Calourada de modo a contribuir com a elaboração de uma
proposta ampla e conjunta.
Além de representantes das unidades de ensino, a Comissão
da Calourada conta com integrantes da Pró-Reitoria de Extensão (PRE) e da
Unidade de Comunicação Integrada (Unicom), órgão de apoio institucional
vinculado à Pró-Reitoria de Planejamento (Proplan) e responsável, durante a
Calourada, por definir a identidade visual e as estratégias comunicacionais
para a campanha.
O diferencial deste semestre, segundo Isadora Barrios,
integrante do DCE, é que a calourada se "capilarizou" pelos centros
de ensino e pelos campi da instituição, que se somaram com suas atividades e adotaram
a mesma identidade visual. "A questão da integração foi muito maior do que
a gente já tinha visto", comenta.
Literatura de cordel como inspiração
Tradicional na UFSM, a Semana da Calourada serve de
contraponto aos trotes abusivos e violentos, além de propor debates sobre
conjuntura, sociedade e Universidade. Para esta edição, a literatura de cordel
e a participação popular ganharam destaque e servem como demarcação de um
projeto de Universidade "do povo para o povo", conforme explica Isadora.
Ainda segundo a estudante, a escolha do lema da Semana,
"A Universidade se pinta de povo", aconteceu em um momento bastante
oportuno, tendo em vista os ataques que a educação pública vem sofrendo com
discursos que insistem em limitar o espaço das universidades públicas apenas às
elites intelectuais. Para Isadora, a Calourada, além de dar as boas vindas aos
novos estudantes, também serve como um momento de apresentação do movimento
estudantil e de reflexão sobre a Universidade que temos e queremos.
Para a maior parte dos estudantes, a próxima
segunda-feira representará o primeiro contato com o ensino superior. Dessa
forma, Calourada também servirá para sanar dúvidas e prestar informações sobre
as estruturas da UFSM e conscientizar sobre a importância dos espaços públicos
de saber. "A gente tem que chamar essa galera para mobilizar, para estar
junto na luta, e fazer com que se entenda a importância de estar defendendo uma
universidade pública, gratuita, laica, plural e de qualidade", ressalta
Rodrigo Poletto, também integrante do DCE.
Além do lema, outra característica que é a identidade
visual da campanha. Inspirada no cordel, a ideia foi ressaltar, por meio da
arte, uma manifestação cultural de resistência do povo brasileiro, que ainda é
bastante marginalizada. "Quando pensamos em cordel, entendemos como uma
cultura do nordeste, mas não só de lá. É uma cultura do povo brasileiro. Por
isso, resolvemos trazer essa identidade pra cá, pra mostrar que gente está em
um período de uma conjuntura muito difícil, mas que a gente precisa
resistir", avalia Poletto.
A criação gráfica parte de adaptações e de um resgate
simbólico como forma de aproximar a arte à realidade local. Dessa maneira, as
artes, criadas pelo ilustrador Evandro Bertol, servidor do Centro de Artes e
Letras (CAL) da UFSM, trouxe elementos marcantes da paisagem da Universidade e
do estado do Rio Grande do Sul: o Arco e o Planetário, construções simbólicas
da UFSM; o quero-quero, conhecido como sentinela dos pampas, pássaro que recebe
com seu canto aquele que chega mais cedo ao campus, representando a acolhida;
além de árvores tradicionais do estado, como o araçá e o ipê. Já as cores
escolhidas para a ilustração, representam a atual gestão do Diretório Central
dos Estudantes.
Primeiro dia terá programação cultural intensa
Além da colaboração na organização da campanha, neste ano
as atividades oferecidas durante a Semana foram pensadas de maneira conjunta,
objetivando promover a maior integração entre os calouros e veteranos de
diferentes cursos.
De acordo com Angélica Iensen, pró-reitora substituta de
Assuntos Estudantis, "a calourada é um momento de acolhimento e integração
dos estudantes e dos servidores. Na segunda-feira, vai funcionar de manhã nos
centros e, à tarde, com uma integração maior, juntando todos os centros em um
único espaço para fazer uma festa e dar as boas vindas para todos",
explica.
Durante o primeiro dia, as atividades de recepção serão
mais intensas. A partir das 11h até as 13h30, haverá apresentações artísticas e
culturais embaixo da ponte seca da Universidade. À tarde, a partir das 16h, os
estudantes serão direcionados ao Jardim Botânico, onde poderão participar de
oficina de defesa pessoal, além de assistir às apresentações musicais e
adquirir os produtos vendidos pelo produtores rurais integrantes da Polifeira
do Agricultor.
Outros destaques da programação são a mesa "
Educação em tempos de golpe: Desafios e Perspectivas", que será ministrada
pela professora Rosana Pinheiro Machado, e o documentário "PPP – Preto,
Pobre e Puto", sobre a trajetória do ativista negro Nei D'Ogum, figura
reconhecida e reverenciada em Santa Maria, falecido em 2017. O filme, será
exibido no dia 29 de março, seguido de um debate com a cientista social,
graduada pela UFSM, Suélen Aires.
Isadora Barrios destaca que nesta edição da Calourada
foram priorizados espaços de cultura, caracterizados por momentos de
intervenção e espaços de fala. Além disso, explica que os temas escolhidos para
as mesas envolvem, educação, negritude, cultura e movimentos sociais. Salienta
ainda que, pela primeira vez, a programação da Semana preenche o mês inteiro,
finalizando suas atividades apenas em abril, quando acontecerá a muamba,
carnaval de rua popular que será retomado em Santa Maria. A programação prevê
atividades específicas nos diferentes unidades de ensino.
A calourada conta ainda com a parceria entre a UFSM e o
jornal Diário de Santa Maria. Participando pela primeira vez da programação,
representantes do jornal distribuirão, nos dias 11 e 12 de março, no hall do
Restaurante Universitário (RU), cadernos especiais para os estudantes, com
informações sobre a Universidade e sobre a Semana. Além disso, haverá
distribuição de assinaturas digitais gratuitas, por tempo limitado, para os
alunos.
Texto: Bárbara Marmor, acadêmica de Jornalismo e bolsista
da Agência de Notícias
Edição: Maurício Dias
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