Escolas de aviação fecham por falta de alunos. O problema são os altos custos do combustível.

 Preço da hora/aula passa de R$ 1 mil em virtude do aumento do combustível e queda no número de matrículas já chega a 60%

As escolas de aviação estão vivendo um dos piores momentos nas últimas décadas. A crise econômica atingiu em cheio o segmento, responsável pela formação dos pilotos brasileiros. O diretor da Escola Biruta de Aviação Civil, Diego Osório, ressalta que o maior problema são os custos elevados para a manutenção das aeronaves, especialmente o querosene e a gasolina utilizados nas aeronaves, que podem variar entre R$ 11 e R$ 20 o litro. “A hora/aula que há dois anos custava em torno de R$ 450 já passa de R$ 1 mil. E sabemos que o poder aquisitivo das famílias baixou muito. Em nossa escola tivemos a redução de 60% no número de matrículas. Desse jeito vamos fechar as portas por falta de alunos”, desabafa Osório, cuja escola fica sediada no município gaúcho de Ijuí, no Rio Grande do Sul.

O vice-presidente da Câmara Temática Aeroportuária da Frente Parlamentar Mista de Logística e Infraestrutura (Frenlogi), deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS), ressalta que o preço do combustível de aviação aumentou 96% nos últimos 18 meses. “Metade do custo de uma escola é combustível. Com essa escalada dos preços, que são atrelados ao dólar, vai ficar inviável manter a atividade já no curto prazo. Sem as escolas de formação ficaremos sem pilotos no médio e longo prazo. Isso é impensável para um país de dimensões continentais que depende da aviação para manter sua economia. Algo precisa ser feito imediatamente”, alertou o deputado, que tratou do assunto com a direção da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR).

Em nota, a ABEAR ressaltou que a Petrobras anunciou mais um reajuste no preço médio do querosene de aviação (QAV) em 15 refinarias, de 3,9% no dia 1º de julho, em relação ao valor de 1º de junho. Com isso, o combustível acumula alta de 70,6% de 1º de janeiro a 1º de julho. De acordo com a empresa, os valores são à vista, sem tributos. No ano passado, o aumento do preço do QAV foi de 92%, em comparação com 2020.

“Mais uma vez o reajuste mensal no preço do QAV comprova os desafios que as associadas ABEAR enfrentam diariamente com a escalada dos custos estruturais, principalmente com o QAV. É importante que haja uma política pública para reduzir o preço do combustível, que no Brasil chega a ser até 40% mais caro do que no exterior. E é por isso que a ABEAR tem ampliado sua interlocução com o Poder Público, especialmente com a mesa de diálogo permanente com o governo que já foi iniciada”, afirma o presidente da ABEAR, Eduardo Sanovicz.

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