Alex Pipkin, PhD
O Antigo Testamento nos lembra que o propósito de Deus é o bem comum, a justiça e o respeito à dignidade humana. Está em Levítico 19:18: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. E em Deuteronômio 10:19: “Amareis, pois, o estrangeiro, porque fostes estrangeiros na terra do Egito”. A mensagem é cristalina. Não se deve fazer ao outro o que não se deseja para si, construindo uma comunidade de justiça e paz.
Mas a realidade é cega. O discurso sobre um Estado Palestino, tantas vezes apresentado como expressão de convivência, esconde um propósito oposto ao que Deus prescreve. Não se trata de rejeitar a ideia de um Estado — considero justo e desejável que exista um Estado palestino digno —, mas de recusar qualquer projeto que nasça do terrorismo, da incitação e do desejo de eliminar o outro. O Hamas, em sua Carta, defende abertamente a eliminação dos judeus. Outras facções em Gaza e na Cisjordânia repetem a mesma lógica.
Yasser Arafat ensinou a estratégia do jogo duplo. Falava de paz nos fóruns internacionais e, ao mesmo tempo, jamais aceitava a coexistência com Israel. Em Camp David, em 2000, diante de uma proposta concreta que incluía a criação de um Estado palestino com Jerusalém Oriental como capital, rejeitou o acordo. Arafat não quis a paz; quis perpetuar o conflito.
Agora, Mahmoud Abbas repete o roteiro com novo figurino, alternando duas faces. Uma pacifista para a plateia internacional, outra hostil para o público local. Em discursos na ONU, fala de diálogo, coexistência e futuro das crianças. Em atos e políticas, mantém pagamentos a famílias de terroristas, cultos aos “mártires” e retóricas de ódio. Essa alternância revela uma avassaladora duplicidade política. Palavras de paz para o mundo, perpetuação do conflito na prática. Abbas é Arafat reciclado, com retórica suavizada, mas fins idênticos.
A ironia é factualmente cruel. A consciência moral global, seduzida por narrativas de vitimização e virtuosismo performativo, frequentemente inverte a realidade. A mídia transforma agressores em mártires e uma democracia e o direto de defesa e existência em algozes. O mundo celebra retóricas que, se aplicadas, significariam o fim de Israel.
É preciso reconhecer que Israel não é perfeito. Os homens que o governam são humanos — falhos, sujeitos a erros e contradições. Mas qual país é perfeito? Há humanos perfeitos? A falibilidade humana não relativiza o mal. O mal é e sempre será o mal. E ainda assim, Israel se destaca como a única democracia no mar de autoritarismo e sectarismo ideológico e religioso do Oriente Médio. Em Israel convivem judeus, árabes, cristãos e muçulmanos; os árabes têm representação parlamentar; a sociedade oferece liberdades civis inexistentes em países vizinhos. Esse contexto fortalece críticas legítimas, que podem ser debatidas e corrigidas democraticamente.
Hoje, com o Hamas mantendo reféns e celebrando a violência, a pergunta é simples: como legitimar um Estado cuja alma é o terrorismo? Criar um Estado palestino nessas condições seria premiar o ódio e institucionalizar a violência. Não seria justiça, mas a consagração da mentira.
Que haja um Estado palestino justo e soberano é uma aspiração que compartilho. Mas só será legítimo se houver renúncia clara ao terror, à incitação e à meta de eliminação de Israel. Só então um Estado palestino poderia nascer abençoado pela justiça divina.
Israel não é apenas uma democracia no mar de autoritarismo do Oriente Médio; é o refúgio histórico de um povo que, ao longo de milênios, sofreu perseguições — da Babilônia ao Holocausto — até encontrar solo seguro para reconstruir sua vida, cultura e dignidade. Abbas não é alternativa a Arafat; é a reciclagem do mesmo roteiro. Vestido de retórica pacifista para câmeras internacionais, permanece fiel à exclusão e hostilidade quando ninguém observa. O mundo que aplaude essa performance torna-se cúmplice da destruição.
Enquanto não houver renúncia ao ódio, abandono do terrorismo e conversão real da prática àquilo que se proclama virtude, não haverá paz. Enquanto não houver paz, não deve haver Estado Palestino apoiado por prêmios públicos ao terrorismo.
O Deus do Antigo Testamento jamais abençoa projetos que nascem da exclusão; abençoa, sim, os que florescem da justiça, da dignidade e do respeito mútuo, valores que Israel representa em sua existência e que só podem florescer na verdadeira paz.
E Ele seguramente vê. E a roda da justiça gira, inexorável.
08:20
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