O Centrão continua mostrando sua verdadeira face: posa de aliado de Jair Bolsonaro e da direita conservadora, mas, nas sombras, tenta sabotar o projeto que de fato repre senta a base bolsonarista. Com o anúncio oficial da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência em de zembro de 2025 – escolhido diretamente pelo ex-presidente como seu sucessor –, líde res do PP, União Brasil e Republicanos expõem o jogo duplo que praticam há tempos. Durante todo o ano de 2025, eles fingiram lealdade. Participaram de atos bolsonaristas, deram entrevistas sobre unidade da direita e adiaram a escolha do candidato, sempre com uma data futura em mente – março, abril, maio, agosto, setembro… Nos bastido res, porém, plantavam nas colunas políticas o nome preferido: Tarcísio de Freitas. Mas Jair não seguiu o script que eles queriam e indicou o filho Flávio. Aí veio, mais uma vez, a resistência: preferem nomes mais “negociáveis”, que abram espaço para o Centrão fazer o que sempre fez. Agora, apostam – e plantam na imprensa – que Flávio vai desistir. Esse comportamento reiterado de não aceitar que as coisas não sejam como eles que rem, explica por que não fizeram nenhuma força pela anistia aos presos do 8 de janeiro. Posaram de solidários o ano inteiro, mas priorizaram agendas pessoais nos bastidores. O que mais incomoda o Centrão é a verdade nua e crua: não existe direita sem Bolso naro. O bolsonarismo é o motor do conservadorismo brasileiro atual. Logo após o anúncio da candidatura de Flávio, ele cresceu rapidamente nas pesquisas, consolidando apoio maciço na base conservadora nas redes e em atos públicos (aliados de Flávio destacam que há espaço para crescer ainda mais com articulação ampla e pre sença digital forte). Esse avanço rápido superou as expectativas iniciais, provando que o eleitorado bolsonarista não desanima fácil – e isso incomoda profundamente os planos do Centrão, que via em outros nomes uma forma mais fácil de manter influência. Ciro Nogueira é o exemplo mais patético dessa ambiguidade e oportunismo. O chefe do PP passou meses apostando todas as fichas em Tarcísio de Freitas, plantando que seria o vice ideal nessa chapa “controlável”. Reforçava apoio verbal a Bolsonaro, mas, nos bastidores, descartava nomes bolsonaristas puros e sonhava com um “equilíbrio” que na verdade significava mais poder para o Centrão. Agora, com a escolha irreversível de Flávio, Ciro acumula dois problemas graves: o eleito rado do Piauí já o descartou para a reeleição ao Senado em 2026 – pesquisas recentes o colocam em dificuldades, atrás de nomes da base aliada ao governo –, e Jair Bolsonaro descartou de vez o candidato que poderia dar a ele uma vaga de vice. Adivinha? Ele mudou de ideia e diz que prefere “um milhão de vezes” Flávio a Tarcísio. Pode ser o famoso rodízio de faltas do futebol, quando cada vez um jogador pára o jogo para evitar o cartão. É o cálculo clássico do Centrão dando errado: sugar votos conservadores sem com promisso real com a agenda da base. O anúncio tornou a candidatura irreversível para a base bolsonarista, que vê no filho de Jair o legado familiar. O Centrão “apoiou” Bol sonaro o ano todo só para sugar votos da direita, mas resiste agora porque Flávio não abre tanto espaço para conchavos. No fim, o Centrão sabe que não controla o bolsonarismo de verdade. O que querem é colocar no Planalto alguém que eles possam manipular e negociar à vontade, como nos velhos tempos. Mas a base conservadora não cai nessa: valoriza lealdade e prin cípios acima de acordos fisiológicos. E o Centrão sabe disso e, por isso, não para de tentar sabotar o bolsonarismo
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