Vladimir Putin denunciou Lenin e seu governo bolchevique
para suas repressões brutais e acusou-o de ter colocado uma "bomba
relógio" sob o estado.
A crítica de Lenin, que ainda é reverenciado pelos
comunistas e muitos outros na Rússia, é incomum para o presidente russo, que,
no passado, cuidadosamente ponderou seus comentários sobre a história da nação
para evitar incomodar alguns eleitores. Ao mesmo tempo, ele sinalizou que o
governo não tinha a intenção de remover o corpo de Lenin de seu túmulo na Praça
Vermelha.
A avaliação de Putin do papel de Lenin na história da
Rússia durante a reunião de segunda-feira com ativistas pró-Kremlin, no sul da
cidade de Stavropol, foi marcadamente mais negativa do que no passado. Ele
denunciou Lenin e seu governo por executar brutalmente o último czar da Rússia,
juntamente com toda a sua família e empregados, matando também milhares de
sacerdotes e colocando uma bomba relógio sob a estatal russa, desenhando
fronteiras administrativas segundo linhas étnicas.
Como exemplo de legado destrutivo de Lênin, Putin apontou
para Donbass, a região industrial no leste da Ucrânia, onde uma rebelião
separatista pró-Rússia irrompeu semanas após março 2014 e anexou a Criméia.
Mais de 9.000 pessoas foram mortas no conflito desde abril de 2014, e os
confrontos continuaram, apesar de um acordo de paz em fevereiro de 2015.
Ele disse que o governo de Lenin tinha desenhado
caprichosamente fronteiras entre partes da URSS, colocando Donbass sob a
jurisdição da Ucrânia, a fim de aumentar a percentagem do proletariado em um
movimento que Putin chamou de "delirante".
Putin poderia ser parte de suas tentativas de justificar
a política de Moscou na crise ucraniana, mas também pode refletir a preocupação
do Kremlin sobre possíveis sentimentos separatistas em algumas províncias
russas.
Putin foi particularmente crítico do conceito de um
estado federativo com suas entidades tendo o direito de se separar de Lenin,
dizendo que contribuiu fortemente para a dissolução da União Soviética em 1991.
Ele acrescentou que Lenin estava errado em uma disputa com Joseph Stalin, que
defendia um modelo de Estado unitário. Putin, no passado, denunciou Stalin por
expurgos que mataram milhões de pessoas, mas observou seu papel em derrotar os
nazistas na Segunda Guerra Mundial.
Em comentários de segunda-feira, Putin também criticou os
bolcheviques para fazer a Rússia sofrer uma derrota à Alemanha na Primeira
Guerra Mundial e cedendo grandes pedaços de território apenas alguns meses
antes. "Perdemos para a parte perdedora, um caso único na história",
disse Putin.
Putin disse que sinceramente acreditava na ideologia
comunista, quando ele serviu na KGB, acrescentando que, embora suas promessas
de uma sociedade justa e equitativa "se assemelhassem bastante à
Bíblia", a realidade era diferente. "Nosso país não se parecia com a
Cidade do Sol", prevista por utópicos socialistas, disse ele.
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