Delator cita R$ 14 mi de propina paga a Fernando Pimentel

Alan Marques -/Folhapress


Apontado como operador do governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT), o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, afirmou que a Odebrecht e a OAS pagaram R$ 14,5 milhões em propina ao petista.
O relato foi feito aos investigadores da Operação Acrônimo em sua delação, que foi homologada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). Pimentel já foi denunciado ao STJ por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro.
Segundo o depoimento do empresário, as tratativas com a Odebrecht começaram em maio de 2013, quando a empreiteira indicou que estaria disposta a financiar a campanha de Pimentel ao Palácio da Liberdade em 2014.
Bené disse que ouviu de Eduardo Serrano, que foi chefe de gabinete de Pimentel e era conhecido como "He-Man", que deveria procurar João Nogueira, que seria executivo da Odebrecht, para as negociações.
Segundo Bené, Pimentel pediu que o acerto ficasse entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões, diante das demandas da empreiteira no Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio e no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A cúpula da Odebrecht, ainda segundo o empresário, só autorizou o pagamento de R$ 12 milhões. Entre junho de 2013 e junho de 2014, foram pagos R$ 11,5 milhões em espécie, em hotéis de São Paulo. Para efetuar o repasse, era acertado o uso de senhas com nomes de árvores e plantas.
Segundo o delator, o interlocutor da Odebrecht precisava do aval de Marcelo Odebrecht para aprovação do fluxo de dinheiro, sendo que Pimentel e o empreiteiro chegaram a se encontrar para que a negociação andasse.
Em maio, a revista "Época" revelou que a Polícia Federal investigava se a Odebrecht pagou propina por empréstimos do BNDES no exterior, por meio de intervenção junto à Secretaria de Comércio Exterior do MDIC e ao BNDES.
O objetivo seria aprovar e liberar recursos para financiamento de obras fora do país, como metrô de Buenos Aires e uma obra da empresa na África. Bené confirmou o esquema.
Além da Odebrecht, o operador disse que foi avisado, no início de 2013, por um assessor de Pimentel que a OAS iria participar do financiamento da campanha do petista.
Bené afirmou que tratou da questão com o próprio governador, que lhe explicou que a medida seria contrapartida por ter intermediado um interesse da empreiteira na construção de um gasoduto no Uruguai.
O intermediário da OAS teria confirmado que a ajuda ao petista seria de R$ 3 milhões. O empresário disse que informou o valor a Pimentel, que achou pouco e pediu que chegassem aos R$ 5 milhões, mas a OAS não teria aceitado. Bené disse que participou da definição do cronograma de entrega do dinheiro, prevista em seis datas e que outros interlocutores, então, assumiram a negociação.
CAIXA DOIS
O empresário afirmou ainda que Pimentel "participou e o incumbiu de arrecadar contribuições para o caixa dois da campanha ao governo de Minas Gerais.
Segundo ele, Pimentel "tinha ciência de que os valores arrecadados e as despesas da campanha eleitoral de 2014 foram globalmente subfaturadas na prestação de contas" da Justiça Eleitoral.
A campanha de Pimentel declarou que arrecadou R$ 53,4 milhões e gastou R$ 52,1 milhões. Bené disse estimar as despesas em R$ 80 milhões.
OUTRO LADO
O advogado do governador Fernando Pimentel (PT), Eugênio Pacelli, afirmou, em nota enviada à Folha, que as informações da delação do empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto "são absolutamente falsas" e que demonstram "desespero de quem está disposto a alimentar o imaginário acusatório e de prévia condenação que assola o Brasil".
Afirmou ainda que "delações como essas constituem o cardápio principal servido nas prisões nacionais" e que, como consequência, "nos próximos dias sairá mais um para prisão domiciliar com pequeníssima devolução do que subtraiu".
A defesa de Pimentel também tem afirmado que ele jamais cometeu qualquer irregularidade à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Procuradas, as assessorias das empreiteiras Odebrecht e da OAS não se manifestaram.
Os ex-presidentes da Odebrecht e da OAS atualmente estão presos devido a suspeitas de envolvimento em esquema de corrupção na Petrobras e negociam acordos de delação premiada.
A assessoria do MDIC informou que a Secretaria de Comércio Exterior não tem competência sobre o tema de financiamentos internacionais.

Os demais citados não foram localizados.

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