O regime de Nicolás Maduro mata sua população de fome ou
à bala, e há candidatos à Presidência da República no Brasil que insistem em
defender o bolivarianismo
Um relatório recente da Anistia Internacional,
organização que monitora o respeito aos direitos humanos em todo o mundo, traz
mais um número estarrecedor sobre a ditadura venezuelana inaugurada por Hugo
Chávez e comandada hoje por Nicolás Maduro: entre 2015 e junho de 2017, as
forças de segurança bolivarianas foram responsáveis por mais de 8,2 mil
execuções extrajudiciais.
De acordo com o relatório, o poder público não foi capaz
de garantir a segurança dos cidadãos, o que levou a um aumento alarmante dos índices
de violência, a exemplo do que ocorre no Brasil. Mas a Anistia Internacional
destaca que as políticas de combate ao crime deram margem a uma série de
desrespeitos aos direitos humanos, inclusive com o uso de tortura,
especialmente contra a população mais pobre.
O relatório, no entanto, colocou as execuções e demais
abusos puramente dentro de um contexto de repressão intensificada ao crime,
ignorando que a realidade na Venezuela é bem mais complexa. A ditadura
bolivariana tem usado as forças de segurança como ferramenta de repressão
política contra opositores do regime de Maduro – e a violência não inclui
apenas as tropas regulares, como as polícias, o Exército e a Guarda Nacional
Bolivariana, mas também os coletivos paramilitares chavistas, corresponsáveis
pelas centenas de mortes ocorridas durante os protestos de rua no primeiro
semestre de 2017, período que faz parte do levantamento da Anistia
Internacional.
Enquanto mata e prende os opositores, o socialismo
bolivariano também quer destruir o restante do país
Quando não é possível matar, o regime bolivariano prende
arbitrariamente, sem acusações ou sem provas, como fez com diversos líderes da
oposição política a Maduro. É o caso de Leopoldo López, ex-prefeito de Chacao,
que está em prisão domiciliar, cumprindo pena de 13 anos por crimes que incluem
terrorismo. Daniel Ceballos, ex-prefeito de San Cristóbal, passou um ano em
prisão domiciliar e três anos nas prisões chavistas até ser liberado em junho
deste ano, mas está impedido de sair do país. Os cárceres bolivarianos ainda
abrigam dezenas de presos políticos como López e Ceballos. Mais sorte teve o
ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma, que conseguiu fugir para a Colômbia em
novembro de 2017, também enquanto cumpria prisão domiciliar.
Enquanto mata e prende os opositores políticos, o
socialismo bolivariano também se encarrega de destruir o restante do país. Anos
do “socialismo do século 21”, com a destruição da iniciativa privada e intervenção
excessiva do Estado na economia, levaram a Venezuela ao colapso: primeiro,
vieram a hiperinflação e o desabastecimento; por fim, o país regrediu ao século
19, com a fome e a miséria generalizadas, forçando um êxodo de venezuelanos
desesperados que tentam cruzar a fronteira com o Brasil ou a Colômbia. Apesar
disso, o país recusa ajuda internacional na forma de comida ou remédios,
tudo para que não se formalize um status de “crise humanitária” que justifique
uma intervenção no país.
Urge chamar tudo pelo nome. O que existe na Venezuela não
é uma mera “crise”, como foram, por exemplo, a crise do subprime ou a crise da
zona do euro. O que existe na Venezuela é a aplicação pura e simples do
socialismo, que onde quer que tenha sido implementado trouxe sempre os mesmos
resultados: violência política, ditadura, prisões políticas, execuções
sumárias, caos econômico, fome e miséria.
E, no Brasil, ainda há quem apoie um regime que mata seu
povo de fome ou à bala. Mesmo candidatos e partidos que buscam a Presidência da
República não escondem seu entusiasmo com o bolivarianismo. O
pedetista Ciro Gomes defende o regime de Maduro como democrático e prefere
criticar a oposição venezuelana, classificada por ele como “fascista e
neonazista”. Dentro do PSol até existem alas críticas a Maduro, mas o candidato
que o partido escolheu para disputar o Planalto, Guilherme Boulos, já
disse à rádio Jovem Pan que “a Venezuela não é ditadura. Cuba não é ditadura. O
governo Maduro foi eleito, ao contrário do Brasil, que tem um governo
ilegítimo”.
Mas o grande entusiasta da ditadura venezuelana é mesmo o
PT. A legenda não perde a chance de reforçar seu apoio a Nicolás Maduro, como
já fazia com o regime cubano e, agora, também faz com a ditadura
nicaraguense, de Daniel Ortega. O candidato petista, Fernando Haddad, até
chegou a dizer que a Venezuela não podia ser considerada uma democracia, mas
não citou as arbitrariedades do ditador, preferindo invocar um clima de
“conflito aberto”. Mas a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, já fez
diversas declarações de apoio a Nicolás Maduro, isso sem falar daquele que é o
mestre e senhor de Haddad, o ex-presidente e atual presidiário Lula, para
quem a Venezuela “tem democracia em excesso” e que zombou de presos políticos
cubanos em greve de fome. Que o eleitor não se iluda: quem apoia dessa forma um
regime assassino não tem credenciais democráticas e representa um verdadeiro
perigo para o Brasil."
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