Ela era mulher, negra, jovem e estava mais para pobre que para classe média:
recebia o modesto salário em parcelas e atrasado. Marciele Renata dos Santos
Alves, 28 anos, policial militar, foi assassinada em ação, no enfrentamento com
uma quadrilha no Vale do Rio Pardo, RS.
O
que vão dizer agora os "coletivos" que se julgam detentores de
mandato para falar em nome das mulheres, dos negros e dos pobres? Cadê o
ruidoso (e "fake") ativismo dos direitos humanos?
Quando a vereadora Marielle Franco foi assassinada, um crime repulsivo, claro,
em poucas horas, graças à mobilização frenética de certos
"movimentos" e com o auxílio inestimável da
extrema-imprensa, viu-se a
mais agressiva tentativa de provocar comoção e de
construir um mito.
Ela morreu na noite de 14/03/2018 com seu motorista, Anderson Gomes. Duas horas
após o fato, segundo Rute de Aquino (O Globo, 17/03/18), "eram registrados
594 tuítes por minuto". Até parecia que os
"movimentos" estavam de plantão a espera de um cadáver.
Levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio
Vargas (FGV/DAPP), apurou que, das 21h de 14/03/18 (logo após o crime) às
10h30min de 16/03/18, para efeito de impulsionamento de conteúdo nas redes
sociais (um truque de manipulação), foram usados 1.833 robôs nos tuítes
publicados sobre a morte da vereadora.
O
resultado foi considerável. Embora ninguém conhecesse a motivação nem a autoria
do crime, em menos de 12 horas, já havia pessoas por todo o país que, jamais
tendo ouvido falar no nome dela, se sentiam de luto e até apontavam culpados.
E, claro, como esponjas, absorviam o conteúdo subliminar das
"narrativas" de redes sociais.
Naqueles dias, inumeráveis crônicas e artigos lembraram o caso da juíza
Patrícia Acioli, assassinada com 21 tiros numa emboscada em Niterói.
Tudo para dizer que a comoção pela morte de Marielle foi
muito maior.
A
juíza, nos últimos 10 de seus 47 anos, mandou para a cadeia cerca de 60
bandidos da Baixada Fluminense ( inclusive policiais e milicianos).
Seu nome entrou numa lista de 12 pessoas que o crime
organizado
pretendia executar. Ela, sim, foi testada em sua coragem.
E jamais
recuou. Patricia Acioli passou à história como
"juíza linha dura".
Mas
para Samira Bueno, então diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública,
"Se alguém carregava em si toda a representação do que é a vulnerabilidade
gerada pela violência, essa pessoa era ela [Marielle]", isso porque era
mulher, negra, de origem simples, "militante" dos direitos humanos e
lésbica.
Patricia Acioli não era essa polivítima. Logo, não servia para, de uma
só tacada, propagandear as agendas que a esquerda roubou
das mulheres,
dos negros, dos pobres, dos homossexuais, etc.
A
comparação entre Patrícia e Marielle foi um tiro que saiu pela
culatra, servindo para desmascarar o planejado
"culto à personalidade"
da vereadora e o propósito populista desse expediente.
Cada vez mais, mulheres,
negros, homossexuais e pobres do país rejeitam a credencial de vítima que a
esquerda lhes oferece.
E
é cada vez mais ampla a consciência de que bondade, egoísmo,
dignidade, estupidez, respeito e propensão ao abuso nada
têm a ver com
sexo, cor da pele nem classe social.
E
a isto chegamos: hoje, apesar da tremenda mobilização inicial e de o nome de
Marielle seguir sendo usado a torto e a direito pela mídia
amestrada, por estudantes de passeata e assemelhados, a
invenção de um
Che Guevara de saia não vingou.
De
Marciele Renata dos Santos Alves, sabe-se que não vai interessar a
"movimentos" populistas. Era uma mulher de ação. Não
incorporava o
vitimismo. E deu iniludíveis provas de coragem.
Como disse o governador Eduardo Leite, Marciele "Levou ao limite o seu
juramento colocando a própria vida em risco para proteger a sociedade."
Ela tem o reconhecimento e a homenagem desta coluna,
porque seu exemplo ilumina e inspira.
Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.
E-mail: sentinela.rs@uol.com.br
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