Uma vaca leiteira passa a noite presa em um curral de
dois a três metros quadrados. Pela manhã, após a ordenha, é solta no pasto onde
pode se locomover à vontade dentro dos limites da propriedade rural. Aumentam
os limites da sua prisão, mas ela continua igualmente presa, ainda que em sua
mente bovina, talvez sejulgue até mesmo, livre. À tardinha, voltará fatalmente
para seu confinamento.
Esta introdução agropecuária serve como uma boa analogia
do que acontece atualmente com o Lula.
Passou uma longa noite de 580 dias em uma sala na
Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, seu curral, e, por beneplácito
de seus amigos e devedores da suprema corte, foi solto no campo para pastar um
pouco, perambular e se imaginar livre. Mas, continua condenado e preso.
Trocou os 15 metros quadrados de Curitiba pelos 8.500.000
km quadrados do Brasil. Aumentou a cerca, mas a prisão continua exatamente a
mesma.
Lula não tem mais liberdade. Os quatro carcereiros de
Curitiba se multiplicaram por milhões. Agora ele sempre encontra um deles onde
quer que esteja, a ponto de não poder e nem ter coragem de sair às ruas. Só se
sente seguro quando escondido em casa ou nos encontros com seus seguidores
lobotomizados, e assim mesmo continua ouvindo ao longe os gritos de “Lula
ladrão, teu lugar é na prisão”. Perdeu completamente o direito de ir e vir e de
roubar.
No último fim de semana, por exemplo, foi à sorrelfa à
Paraty, cidade famosa pelo seu “Festival da Cachaça, Cultura e Sabores”,
certamente para se esconder do povo brasileiroem algum refúgio seguro nesta
cidade maravilhosa do litoral fluminense e aproveitar para entornar algumas
centenas de “martelinhos” com as especialidades da região.
Não conseguiu. Descobriram onde ele estava e alguns
“carcereiros” foram ao seu encontro gritando o mantra “Lula ladrão”. Houve
grande confusão em frente ao seu bunker.
De nada adiantou sua soltura da cela de Curitiba. Ele
continua presidiário em todo o lugar que váassim como dentro dele mesmo.
Nos 580 dias de Curitiba, viveu momentos de Senhora Kerner,
aquela personagem do filme “Adeus Lenin” que ficou em coma durante um ano
durante o qual o muro de Berlin foi posto abaixo e que, para não provocar-lhe
fortes emoções que poderiam leva-la à morte, o filho Alex decidiu mantê-la na
ilusão de que a Alemanha Oriental continuava comunista e que nada havia mudado
durante o ano em que estivera fora do ar.
Dentro da sua cela vip, Lula continuou a despachar com
seus comparsas como se nada tivesse acontecido no Brasil. Não viveu a eleição
de um governo de direita, não presenciou as calorosas aclamações populares em
torno de Bolsonaro e de seus ministros, não viu minguarem os manifestantes de
esquerda por falta de sanduíches e tostões, não viu a retomada, ainda que
gradual, da economia, a queda dos índices de criminalidade ou o novo modo, para
ele inimaginável, de governar sem o toma-lá-dá-cá. Não viu a aprovação da
reforma da previdência e nem o atenuamento do Estatuto do Desarmamento. Não
soube da quase eliminação das invasões de terras. Só viu aquilo que seus seguidores
fiéis lhe contaram e saiu da carceragem pensando que continuava sendo o grande
líder e que cairia diretamente nos braços do povo.
Enganaram o Lula Kerner. Ele não passa de um espectro do
grande líder que já foi. Não tem mais poder nenhum. Não mobiliza mais ninguém.
A multidão que foi fazer plantão em frente do Tribunal
Regional Federal da 4ª Região (TRF4)durante o julgamento da segunda instância
do processo do sítio de Atibaia não passou de vinte gatos pingados. Seus
comícios só são acompanhados pelos companheiros do partido e dos sindicatos e
por alguns poucos populares ainda aliciados com o que sobrou de pão e
mortadela.
Pobre Lula, “cavaleiro de triste figura” como diria Don
Quixote. Os moinhos de vento não são mais dragões e nem o povo brasileiro é
mais rebanho.
As coisas mudaram, “o tempo passou na janela e só o Lula
não viu”.
Lula continuará ainda muito tempo perambulando como um
zumbi até que chegue a hora de retornar para sua aconchegante cela prisional.
Talvez até já esteja com saudades dela.
Excelente texto!! É exatamente assim, está solto porém, continua preso. Sua megalomanía é tão grande que não consegue perceber que os tempos são outros, aqui nesta terra não há mais espaço pra pessoas como ele, que por ganância e poder arrasaram com o país na esperança de não mais saírem de lá.. já foi tarde..a plantação é livre, mas, a colheita é obrigatória.
ResponderExcluirVerdade. A Plantação é livre mas colheita é obrigatória Sr. Lula
ResponderExcluirParabéns mestre Jacques, mais vez escreve com serenidade, o que as pessoas do bem imaginam, retorno de lula ao lar prisional
ResponderExcluirQue texto lúcido!!!
ResponderExcluirEstá preso mesmo em liberdade,talvez essa seja a pior das prisões.