- Advogado
A relação
“governo(s) x magistério” é uma histórica e cansativa repetição de
constatações. Sem medidas saneadoras e definitivas. Pior: evidencia e confirma
o descontrole funcional deste contingente e suas perspectivas profissionais.
Entretanto,
os argumentos são razoáveis. Os professores reclamam melhor tratamento salarial
(ultimamente, o pagamento em dia!), correspondente à importância de suas
funções. Já os sucessivos governos declaram as recorrentes dificuldades
financeiras estruturais (verdadeiras!).
Tocante aos
diálogos e às negociações, alguns governos apontaram dois obstáculos básicos.
Um plano de carreira ultrapassado, mas inegociável do ponto de vista sindical.
E o político, a continuada atuação e partidarização diretiva do sindicato.
Logo,
disseminado na opinião pública tanto o desgaste do governo quanto do sindicato,
por que não há uma aguda e correspondente mobilização comunitária e exigência
reparativa?
A resposta
que encontro passa por uma perspectiva capitalista de nossos papéis sociais.
Explico: nas greves e interrupções de outras categorias profissionais, com
prejuízos materiais e financeiros da sociedade passíveis de medição e de
conversão em moeda, a solidariedade advinda (ou a revolta social) sempre é rápida,
contundente e eficaz.
Sim, e daí?
Daí que greves na área da educação produzirão resultados (negativos) somente
constatáveis algum tempo depois. Após pesquisas e medições que apurem que em
determinada época houve uma queda no nível de desempenho e qualidade
educacional.
E isso ocorre
porque educação não produz resultados imediatos, não produz peças passíveis de
quantificação no final da linha de produção. Educação trabalha com crianças e
adolescentes, o que “no final da esteira” resulta em cidadãos e profissionais.
Educação “produz” gente!
O desafio
consiste na recuperação do sentido histórico e original do magistério escolar,
e na garantia aos professores de realização na profissão. Qualquer indiferença
às demandas do magistério é uma fatura incalculável e irresgatável.
A crise
estadual é estrutural e gravíssima. O poder executivo tem poucas opções. Mas,
tem procurado soluções. Por exemplo, o governo anterior (e o atual) buscou a
divisão (entre os poderes de estado) dos valores de fato arrecadados, e não os
valores originalmente orçados. Atitude que contraria “os primos ricos”, Poder
Judiciário, Poder Legislativo, Ministério Publico, Defensoria Pública e
Tribunal de Contas.
Como se
explica que não houve acolhida e atitude solidária ostensiva de parte do CPERS
em apoio ao poder executivo? Por que se omitiram na cobrança dos parlamentares
e partidos que impediram aquela iniciativa justa e igualitária? Teria sido por
solidariedade sindical e identidade ideológico-corporativa?
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