Artigo, Renato Sant'Ana - A desinibida militância da escritora Martha Medeiros no jornal (6)

No embalo da polarização, para sacralizar o seu candidato e demonizar o outro, Martha Medeiros diz em Zero Hora que, em 2022, a disputa é "Fascismo versus democracia" - chamando de fascista o "outro candidato", claro. Se ela inverter o sinal, então poderá ser. Vamos ver isso...

Há um longo histórico de atos violentos no Brasil que lembram os camisas negras do fascismo italiano comandado por Mussolini. Mas basta observar apenas uns poucos dos últimos anos para saber quem é quem.

As revoluções socialistas (pretensão do candidato da Martha) têm por princípio aquilo que György Lukács pregou: a classe revolucionária não deve obedecer à lei, mas apenas seguir as circunstâncias da luta de classe. Com essa visão ditatorial e desumana, os líderes induzem a fazer o trabalho sujo da violência aqueles que Lenin chamou de idiotas úteis, os que fazem a revolução e, instalado o novo regime, são descartados.

Em 2017, num evento na UnB (Universidade de Brasília), o então senador Roberto Requião, conclamando a agir em vez de ficar "só lendo blogs de esquerda", falou: "Convençam-se! Não há mais espaço para conversa e para os bons modos!" Ao lado da também senadora Benedita da Silva, ele incitou os estudantes à ação violenta: "O que, então, estamos esperando para cruzar o rio, para jogar a cartada decisiva de nossas vidas?"

E Benedita, insuflando os estudantes, acrescentou: "Quem sabe faz a hora e faz a luta. A gente sabe disso. E ali na Bíblia está escrito que sem derramamento de sangue não haverá redenção."

Coube a estudantes profissionais puxar um grito de guerra: "Te cuida, te cuida, te cuida, imperialista, América Latina será toda socialista!"

Na mesma UnB, em 29/10/18, conforme Cláudio Humberto (Diário do Poder), "Brigadas fascistas muito semelhantes aos 'camisas negras' de Mussolini, cujo candidato a presidente foi derrotado nas urnas", impediram, com violência, que alunos fossem às aulas com camisetas verde-amarelas.

Em 2016, Dilma promoveu, dentro do Palácio do Planalto, vários atos com apoiadores, o que é ilegal. Num deles, o líder sindical Aristides Santos incitou o MST a invadir propriedades, casas, fazendas, enfrentar com violência quem fosse oposição a Dilma.  No ano anterior, Lula já havia ameaçado todo mundo com o "exército do Stédile".

Em 24/05/17, lulopetistas mascarados, munidos de bombas, pedras e coquetéis molotov, atacaram a polícia em Brasília, tentaram pôr fogo na sede de ministérios e promoveram um quebra-quebra, depredando automóveis e outros equipamentos. E, num ato cheio de simbolismo, destruíram a biblioteca do Ministério da Cultura.

Em 03/06/2017, mais de 20 delegados do PT, que saiam de um congresso do partido, por duas horas de um voo entre Brasília e Rio, hostilizaram a jornalista Míriam Leitão, da Globo, tentando provocar-lhe uma reação: "(...) levantavam o celular esperando a reação que eu não tive", relatou ela. "Não eram jovens militantes, eram homens e mulheres representantes partidários. Alguns já em seus cinquenta anos", anotou Míriam Leitão.

"Lula citou, mais de uma vez [atacando], meu nome em comícios ou reuniões partidárias", escreveu ela em O Globo.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, emitiu nota lamentando e... culpando a Globo, para ela "em grande medida, responsável pelo clima de radicalização e até de ódio por que passa o Brasil, (...)".

Dias depois, num voo de Brasília a Belo Horizonte, um militante do PT (até havia pouco, assessor da deputada Erika Kokay, PT-DF) insultou o jornalista Alexandre Garcia. Acusando os outros de espalharem ódio, ele já tinha provocado o Min. Joaquim Barboza e o Sen. Aloysio Nunes, sempre filmando o ato na expectativa de um descontrole das vítimas.

É um flash da intolerância, do autoritarismo e da violência da esquerda que, embora de vermelho, adota o modus operandi dos camisas negras do fascismo. É a delinquência como método para tomar o poder.

No entanto, para Martha Medeiros, essa gente representa a democracia e fascista é Bolsonaro, que fala grosserias, claro, mas que, por exemplo, nunca reagiu com violência quando colunistas da Folha de S. Paulo (o que se repete a cada tanto) escrevem que seria conveniente a morte dele.

 

Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.

E-mail: sentinela.rs@outlook.com

 

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