Artigo, Glauco Fonseca - A mente perversa

Quem assistiu a pelo menos uma sessão da Comissão Especial do Impeachment ou a poucos trechos das sessões plenárias de impeachment no Congresso Nacional, ficou com um pulguedo atrás de cada orelha. Como podem existir pessoas que se recusam a acatar a simples lógica, aceitar regras das mais curiais e entender quando seus argumentos não causam mais os impactos desejados? Como explicar as diatribes de Lindbergh e de Humberto, as gritarias de Vanessa ou os despautérios de Gleisi? Tentei buscar explicações no “locus” por onde orbitam os indivíduos em questão e muitos outros. Na simples lida política não encontrei respostas suficientemente consistentes.

Alguns poderão argumentar que as ideologias de esquerda são diferenciadas pois não colocam em real perspectiva a ética, a moral, a norma legal ou regimental (a não ser quando lhes sejam convenientes) bem como relutam em acatar regras matemáticas e contábeis das mais rudimentares. Em busca da explicação mais próxima da verdade, dizem que, pelo fato dos marxistas conceberem o partido como uma entidade hierarquicamente acima do Estado, esta visão “per si” já distorceria todas as demais. Ainda assim, a negação da realidade persiste, a tentativa de driblar argumentos com factoides, mentiras ou simples repetições falaciosas não produz, em momento algum, sequer segundos de lucidez ou de assentimento.

Os socialistas, comunistas e congêneres possuem uma ligação diferente com o poder. Resistem em acatar sua transitoriedade, insistem na promiscuidade com o que é público e sempre que podem usam os recursos democráticos para tentar solapar a própria democracia. Eles realmente não conseguem esconder sua tese de que uns são melhores do que outros, entendendo aqui que o “uns” são eles e os “outros” quaisquer que não sejam parte de sua grei. Se a política e a ideologia, associadas ao bom senso e aos regramentos sociais universais não explicam a incongruência de pensamento lógico e prudente da turminha, o que pode explicar?

Negação da realidade, recalque, perversão e outras estruturas variantes podem explicar melhor o comportamento de pessoas que entendem o mundo de forma tão divergente. Ao dizerem “Dilma é uma mulher honesta”, estão, na verdade, negando a coleção enorme de ocorrências criminosas com as digitais explícitas do Planalto. Quando dizem que Dilma não cometeu crime, é porque não entendem que irresponsabilidade fiscal é – sim – crime de responsabilidade e as sanções são previstas em lei correspondente. Quando afirmam repetida e categoricamente que todos são iguais no ilícito, oferecem uma visão patética dos fatos nos quais, em verdade, somente eles realmente acreditam.

A política é assim mesmo, igual à vida, cheia de valores e neuroses, mocinhos e bandidos, sérios e nem tanto. E a lei é a única forma de lidar com Lulas, Dirceus e Dilmas, a única coisa que funciona para tentar salvar a sociedade de seus próprios desatinos e más escolhas. A lei é como um hipnótico necessário, que com doses cavalares enquadra Lindberghs e Gleisis, mesmo sabendo que os sintomas não desaparecerão. A lei é o remédio. Só ela submete os perversos, prescrevendo ora um Rohypnol, ora uma camisa-de-força.

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