No discurso, Moro apontou condutas a serem adotadas para
pôr fim à "corrupção sistêmica" no país. Defendeu, mais uma vez, que
condenados na segunda instância devam ser presos, assunto que será retomado no
STF. O juiz sugeriu inclusive que o presidente Temer deveria adotar esse tema
como "política de Estado".
"Mas eu diria que mais que uma questão de justiça, é
questão de política de Estado. Eu queria dizer para o presidente Temer utilizar
o seu poder para influenciar que esse precedente jurídico não seja alterado",
disse.
O magistrado pediu que Temer tome tal atitude, caso o STF
mude o entendimento sobre a prisão em segunda instância.
Moro também afirmou que eram necessários mais recursos do
governo federal para a Polícia Federal e órgãos de combate à corrupção. Após
fazer o pedido a Temer, Moro disse que os recursos poderiam ser liberados por
Meirelles.
"Pedindo a devida vênia ao ministro Meirelles, vejo
que os investimentos são necessários para o refortalecimento da Polícia
Federal. O investimento do Estado contra a corrupção traz seus frutos",
disse.
"Não quero foro"
Ao fazer a defesa do fim do foro privilegiado, Moro
causou um outro momento de constrangimento entre os políticos. Temer, Eunício e
Moreira Franco não aplaudiram, mais uma vez, a proposta do magistrado.
O juiz foi ovacionado ao dizer que o foro garante
"privilégios às pessoas mais poderosas". Ele reclamou que os
processos de autoridades com foro "tramitam lentamente". "Seria
relevante eliminar completamente o foro ou trazer uma restrição Ao foro",
defendeu.
Moro disse ainda ser contrário que magistrados tenham
foro. "Não quero esse privilégio para mim", afirmou.
Dedicatória à Lava Jato e a Teori
Moro fez uma série de agradecimentos a órgãos e
autoridades que participam da Lava Jato. Além do Ministério Público e da
Polícia Federal, o juiz dedicou o prêmio ao ministro Edson Fachin, do STF, e
aos juízes federais Marcelo Bretas (RJ) e Vallisney Oliveira (DF).
O magistrado também disse que seu trabalho é inspirado no
ministro Teori Zavascki, do STF, que faleceu em janeiro deste ano.
Eu não tinha relacionamento pessoal com ele, mas sei que
ele conduzia os processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal com muita
eficiência e com muita coragem, disse. Moro afirmou que quer "defender o
legado do ministro Teori".
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