Artigo, Luís Milman - A batalha cultural

A batalha cultural

Por Luis Milman


Ganha força no Brasil o debate sobre o desmonte da hegemonia da esquerda sobre a produção de cultura, conteúdos acadêmicos e da mídia tradicional. A extinção do Minc pelo governo Temer veio em boa hora, porque pelo ministério passava boa parte do financiamento dos artistas, escritores e outros amigos amestrados do lulopetismo. Sem a fonte de financiamento, todos eles ficarão à mercê de seu próprio trabalho, sem subvenção e lançados ao seu mercado, que é onde os artistas devem estar. Mas ainda há muito a fazer. A tal arte e cultura radical de esquerda, que expressa seu modo de ver o mundo político e moral, está enraizada organicamente há pelo menos 40 anos nos chamados meios cultos (Universidade, escola, mídia), sem que tivéssemos, durante este tempo, qualquer contraponto liberal ou conservador a ela. Tanto é assim que o pensamento conservador foi identificado, pela esquerda, ao pensamento reacionário e associado à resistência ideológica de pastores evangélicos. O que importa entender é que o ethos da esquerda penetrou no cerne da nossa linguagem, por meio da qual analisamos e entendemos a política e a cultura. O debate é sempre pautado por uma normatividade esquerdista, que mobilizou minorias e compartimentou a sociedade em setores de oprimidos, a saber, os negros, os índios, os gays, as mulheres e as periferias. Esta é uma instrumentalização de natureza política porque seu propósito é duplamente político, ou seja, organizar o que se convencionou chamar de excluídos e fomentar, na consciência dos cidadãos médios, um sentimento de culpa por sua posição econômica e cultural. A esquerda - e o petismo em especial- construiu esta narrativa, que polariza a sociedade entre aqueles que querem transformar suas estruturas alegadamente reacionárias e os demais, identificados com a realidade opressiva, ainda que de modo inconsciente. O efeito resultante desta polarização foi a pauperização do debate intelectual e a criação de clichês de esquerda hiperativos na mentalidade dos brasileiros, além da progressivo avanço da permissividade nos costumes, aceita como se fosse natural em nossa sociedade. A resistência a este estado de coisas, por essas razões, adquire contornos de emergência, se quisermos passar a viver numa sociedade plural, na qual padrões de racionalidade sejam respeitados e o nível de exigência do debate intelectual venha a ser mais elevado. Se isto não ocorrer, o lulopetismo, que trabalha pelo rebaixamento da inteligência e da moralidade, terá perdido uma batalha política, mas permanecerá ativo nos meandros da vida social, pautando os debates culturais. Daí que podemos permanecer reféns de um paradoxo: a queda do lulopetismo no âmbito político e sua permanência articulada no âmbito cultural. No governo Temer, os meios de produção cultural e de informação, incluindo-se aí as escolas e a mídia, devem ser desafiados a abrir espaços para o pensamento de direita no país, primeiro para exorcizar os fantasmas que fazem uma equivalência precária entre conservadorismo e reacionarismo e, segundo, pelo estímulo à contribuição para o debate nacional em política e cultura, com a participação de estudiosos que representam posturas conservadoras e liberais no campo político, econômico e estético.

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