Artigo, João Satt, Jornal do Comércio - A para B

O autor é Estrategista e CEO Grupo 5

Tem um momento em que fica evidente que o ciclo do seu negócio começa a dar sinais de declínio. Simples, o modo como você fazia acontecer começa a não funcionar mais. Chamamos isso de “exaustão do ponto A”, quando remendos apenas retardam o inevitável fim. 

A história é marcada por revoluções tecnológicas, que gradualmente promoveram o desaparecimento de alguns setores, na mesma proporção que fomentaram o surgimento de outros, impactando fortemente a economia e a vida das pessoas.  Se você observar com atenção, conseguirá perceber uma tensão no desempenho de vários setores, o que demonstra a inflexão de uma mudança mais ampla. Não espere um pronunciamento oficializando o final do ciclo, as grandes corporações já colocaram como prioridade para 2025 a formulação da estratégia de A para B.

Para desafios complexos, a simplicidade é a melhor solução:

1. Identifique o que é o seu ponto B, isso diz respeito apenas a poucos  KPIs: reforço de reputação; aumento do volume e velocidade  de vendas; e precificação acima da média do mercado.

2. Dedique tempo com seu time para definir as diferentes alternativas estratégicas (caminhos) para chegar e monitorar  o ponto B.

3. Desenvolva um painel de convergências e divergências.

4. Opte pelo caminho que: a) seja pertinente aos valores da sua organização; b) tenha maior convergência entre os líderes; c) possibilite uma clara definição do perfil de competências dos profissionais. 

 Fabricio Bloisi, novo CEO da Prosus, em entrevista à Bloomberg News: “As únicas coisas valiosas em uma empresa são pessoas e a cultura – a maneira como ela inova, se comunica e se adapta. O que torna uma empresa especial não é o que ela pode investir ou seus produtos, mas como ela se move, se adapta”. 

Profissionais inteligentes, sensíveis, antenados representam a garantia do sucesso. Algumas  empresas caminham com passos sólidos para um “bom amanhã”, enquanto outras não têm flexibilidade para mudar o jogo. Bons números do presente encobertam a perda de potência para atrair e reter clientes. Em outras palavras: a deliciosa ceia de Natal não assegura o banquete do Ano-Novo. 

Em 2010, a Exxon Mobil era a número 1 do mundo, valendo US$ 369 bilhões (petróleo e gás). Hoje, a posição é da Apple, com US$ 735 bilhões. O futuro é a inovação, a ruptura e a abertura ao novo. A empresa que permanecer fazendo o que tem feito, provavelmente estará muito menor daqui a dez anos. Interpretar a dança dos ventos é crucial para quem deseja disputar o futuro. 

O ponto de partida é  definir a  “jornada da conveniência”, as oportunidades que  justamente estão nos “pontos de dor” das pessoas. A estratégia é o tempero que faz a diferença na “salada de tendências”, promove o encaixe harmonioso entre o que sua empresa oferece e a fome de soluções (pontos de dor) das pessoas físicas e jurídicas. 

O ponto B é possível. Requer apenas humildade para aceitar  a finitude do ponto A, e coragem para realizar a travessia estratégica com as pessoas certas.

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