Artigo, Marcus Vinicius Gravina - Nego

O símbolo paraibano “NEGO” vem do verbo negar.  Segundo alguns historiadores foi o estopim da Revolução de 1930.

Pois é a introdução deste texto, porque outro Nego pode ser novamente mais um estopim de uma guerra civil no Brasil, cuja convulsão possui hoje sintomas evidentes desta gravidade. Adiante, saberemos do que se trata.

Havia uma aliança dominante no país em que os Estados de São Paulo e Minas Gerais, indicavam, num regime de revezamento, quem seria o presidente da república.  Quando chegou a vez de Minas Gerais, o presidente Washington Luis, representante de São Paulo, resolveu indicar novamente outro paulista para concorrer à eleição daquele ano, Julio Prestes. 

Ele acabou sendo eleito num pleito repleto de denúncias de fraudes - mas não tomou posse -a ponto de Borges de Medeiros ter declarado, sobre a eleição de Prestes: ”fraude houve de norte a sul, inclusive aqui mesmo” - referindo-se ao Rio Grande do Sul.

O rompimento unilateral da Política Café com Leite,  teve reações de parte do governante de Minas Gerais,  Antônio Carlos que passou a apoiar a oposição com Getúlio Vargas, através da chamada Aliança Liberal -  Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba.

João Pessoa, então “presidente” do Estado da Paraíba, foi indicado para ser vice do Getúlio. Antes disso, ele comunicou ao presidente Whashington Luis que  - negaria  apoio - ao seu candidato Júlio Prestes.  Daí surgiu a expressão “Nego”,  inserida na bandeira da Paraíba - nas cores vermelha, simbolizando o sangue e a preta o luto -  depois do assassinato de João Pessoa, em julho de 1930, antes da posse de Julio Prestes em novembro daquele ano. Este fato que consternou os brasileiros,  desencadeou a Revolução de 1930, com a deposição do presidente Washington Luis, em outubro de 1930.

Em comum com os episódios da nossa eleição presidencial de outubro do ano passado, temos as denúncias de traições e de fraudes.

Estes acontecimentos nas eleições de 1929/30 foram resolvidas à bala e com muitas mortes.

Quanto às supostas fraudes das recentes eleições, impugnadas dentro do prazo da atual lei eleitoral, tiveram as auditorias das urnas suspeitas indeferidas por outro retumbante “NEGO”,  do órgão responsável pela sua realização, fadado a entrar, também,  para a história do Brasil.

Tudo estaria resolvido sem censuras, multas e milhares de prisões de cidadãos, que não empunharam armas e foram às ruas suplicar pela entrega do CÓDIGO FONTE das urnas eleitorais,  solicitado pelas FFAA,  chamadas a acompanharem a apuração dos votos, o que dissiparia as dúvidas que persistem sob a lisura dos resultados das eleições,  origem dos protestos populares reprimidos à força. 

Se o voto é obrigatório, todo o cidadão tem o direito de saber o que fizeram com ele.

Caxias do Sul, 09.01.2023


Nenhum comentário:

Postar um comentário