A amizade de Bolsonaro com ditador anticristão

GUGA CHACRA 

Jair Bolsonaro, antes de ser eleito presidente, dizia ser defensor da civilização cristã e recebeu enorme apoio de Igrejas Evangélicas. Ao mesmo tempo, também dizia defender a liberdade e a democracia e costumava criticar regimes como os de Cuba e Venezuela. Agora, encerrado seu mandato, sabemos que recebeu joias da Arábia Saudita, uma ditadura que proíbe igrejas e a prática do cristianismo.

Inclusive, visitou e fez elogios a esta nação governada por um ditador sanguinário que ordenou o esquartejamento de um jornalista dissidente, apoia jihadistas, levou adiante uma guerra no Iêmen, impõe apartheid contra as mulheres, deu suporte a jihadistas na Síria e sequestrou o então premier do Líbano. Difícil ser mais hipócrita do que Bolsonaro nessa questão de ditaduras e do cristianismo.

Quando visitou Israel, Bolsonaro, ao contrário da quase totalidade das autoridades de países de maioria cristã, não visitou a Igreja da Natividade em Belém, nos territórios palestinos, onde, segundo a tradição, teria nascido Jesus. Tampouco o então presidente se reuniu com lideranças cristãs na Terra Santa, como os representantes das Igrejas Greco-Ortodoxa, Armênia Apostólica, Siríaca, Católica, Etíope e Copta.

Talvez Bolsonaro sequer saiba da existência de israelenses e palestinos seguidores do cristianismo ou da existência das igrejas cristãs orientais. Fica o benefício da dúvida. Mas por que não visitou a Igreja da Natividade, que qualquer seguidor das diferentes correntes do cristianismo sabe da importância?

E por que, uma pessoa que diz defender a liberdade, jamais condenou as ditaduras da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes?



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