Ontem,
debatendo com um amigo (é, eu também tenho amigos que são ceguinhos e
surdinhos), escutei dele: “Mas no PT gaúcho tem muita gente séria!”
Imediatamente
lembrei-me do meu querido irmão Juarez, que volta e meia corre para defender a
figura do “garanhão de Bossoroca”, o ex-governador Olívio Dutra. Aquele mesmo
que inventou a figura do contrato socialmente correto para justificar a
expulsão da fábrica da FORD do Estado, coisa que o município de Camaçari/BA
agradece até hoje.
Uma observação
pertinente: aa cidades de Guaíba e Eldorado do Sul caminharam 20 anos para trás
com aquele canetaço demagógico. Num retrocesso financeiro, econômico e de
empregos, incomensurável.
Bom, mas o
tema do artigo não são as perdas econômicas da decisão irresponsável do Olívio,
mas sim a ética e a seriedade do PT gaúcho, que – lembram-se? – apoiou e
aplaudiu unânime a citada deliberação.
Parei para
pensar a quem (ou a qual pessoa) meu amigo se referia quando bradou pela
postura reta e pela probidade dos petistas gaúchos.
E, confesso
que, depois de pensar muito, não consegui detectar um só membro do “partidão da
ética” que pudesse ser qualificado como tal.
E explico:
Não são poucos
os petistas gaúchos que se rebelaram publicamente nos últimos tempos contra a
bandalheira praticada pela quadrilha comandada pelo Lula. Posso citar, entre
outros, Olívio Dutra, Paulo Paim, e Raul Pont, sempre com um discurso forte a
favor da ética.
Mas, nenhum
deles tomou qualquer medida prática e efetiva em relação a estes fatos
criticados. Seguem todos no PT, abraçados aos “companheiros” denunciados, sendo
alguns até já condenados.
Ora, desde os
primórdios da humanidade se sabe que existem dois tipos de infratores (e uso
este termo leve em respeito às pessoas denunciadas): os que praticam o delito
como autores, e os coniventes.
Também é
notório que nem todo o “conivente” deva ser beneficiário direto do resultado do
delito. Mas, o simples fato de tomar conhecimento e silenciar (seja lá porque
razão) faz deste conivente um “cúmplice” do crime. Ou do ilícito, para ser
menos agressivo.
Ou seja, a
omissão de fato criminoso (ou ilegal) imputa uma “cumplicidade” à pessoa
conivente.
Estes por sua
vez deixariam de ser corresponsáveis na hipótese de, indignados com a situação,
tomarem uma medida objetiva: denunciar os autores do(s) ilícito(s).
Ou, para não
agir como um X9, imediatamente afastar-se da companhia do infrator.
Porém, em
interesse próprio (pensando apenas em si e/ou no seu futuro político) estes
“cúmplices” não fizeram nem uma coisa nem outra, preferindo apenas criticar –
num “jogo de cena” deplorável – e prosseguir no mesmo barco.
A mais
evidente constatação disso é que existem outros barcos que conduzem ao mesmo
destino. E que é possível, inclusive, criar um novo. Exemplos não faltam!
Ocorre que,
quando se reclama acintosamente da conduta do capitão de um barco e depois se
troca de embarcação, o crítico fica vulnerável à possibilidade do criticado
denuncia-lode ter participado no mesmo esquema reclamado. É o que se chama de
RABO PRESO!
Ou não?
Eu custo a
acreditar que seja este o motivo de pessoas tão elogiadas publicamente não
resolverem optar por um novo caminho.
Afinal, não se
aposta tanto na seriedade destes?
Então, quem
aposta que responda.
Sem
tergiversar ou acusar outros de fazerem o mesmo, porque ai fica parecendo
argumento vazio de advogado incompetente...
Pela singela
razão de que um erro nunca justificou outro!
Marcelo Aiquel
– advogado (07/06/2016)
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