Um
rico e influente senhor feudal cometeu um crime. E o seu suserano, a quem cabia
julgar o fato, mas não queria punir o criminoso, armou uma farsa para condenar
e executar um pobre camponês, e, assim, dando satisfação aos que clamavam por
justiça, se afirmar como senhor da lei.
Para mascarar a ignomínia que todos percebiam, ele disse que Nosso Senhor
decidiria se haveria ou não um enforcamento. E apresentou ao camponês uma
bandeja com dois papeizinhos, dizendo: "Num está escrito culpado; noutro,
inocente. Tire um dos dois e que o bom Deus tenha-lhe misericórdia."
O
camponês sabia que era uma farsa. E que em ambos papeizinhos estava escrito
"culpado". E não havia a quem recorrer. O que fez? Desesperou-se a
maldizer a própria sorte? Oh, não! Ele apanhou um dos dois e... engoliu-o! De
modo que só restou a contraprova de sua escolha, no qual se lia:
"culpado!" Ele escapou!
Entre nós, em situação de crise, muitos descambam para o niilismo, espécie de
melancolia gozosa que acompanha a satisfação de acreditar em nada. E jogam a
toalha! Querem um exemplo? Aquele texto derrotista que, inclusive, o presidente
Bolsonaro replicou em redes sociais.
O
texto é exato ao explicitar a sórdida guerra deflagrada contra o governo,
evocando a grossa corrupção e denunciando que corporações de servidores
públicos e políticos com mandato se apropriam do orçamento. E mostra como o
"presidencialismo de coalizão" obriga o presidente a fazer agradinhos
a esses parasitas para poder governar, ficando o Brasil "governado
exclusivamente para atender aos interesses de corporações com acesso
privilegiado ao orçamento público." Sim, é apavorante!
Aliás, o Centrão escancara sem constrangimento que pretende
"desidratar" a reforma da previdência. Para quê? Segundo um membro da
facção, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), é para arruinar
Bolsonaro. Eis a velha política: a tática dos parasitas é chantagear o governo
para arrancar verbas e distribuir cargos.
Dessa estirpe é o mimético presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o qual até
reconheceu que o problema do Brasil são as "despesas obrigatórias"
previstas no orçamento (úteis ao jogo sujo dos parlamentares): "O
orçamento foi cooptado por corporações públicas", afirmou.
Segundo o texto, ao se opor ao jogo do "toma lá, dá cá", Bolsonaro
permitiu ver que o Brasil, "fora desses conchavos, é ingovernável",
que nenhum compromisso de campanha, de presidente algum, pode ser cumprido sem
o aceite das corporações. É uma triste e parcial verdade.
Ora, se o texto é impecável na descrição, erra ao catastrofar, como se não
restasse o que fazer. Não havendo, claro, "as corporações vão comandar o
governo Bolsonaro na marra e aprovar o mínimo para que o Brasil não
quebre" e siga custeando privilégios. Mas tem certeza de que nada resta
fazer além de desesperar e maldizer a triste sorte?
Que grande coisa será um médico que acerta no diagnóstico, mas não sabe
tratar... O niilismo é burro, é estéril e nada constrói. Mata a coragem e tolhe
a iniciativa. Como ignorar o empenho de uns quantos por restaurar o país? Como
esquecer os muitos reveses que já superamos?
Momentos houve em que o Brasil sambou na beira do abismo e flertou com o diabo.
No entanto, escapou! Em 2009, Lula engendrou o Plano Nacional de Direitos
Humanos (PNDH), belo nome para o plano de impor ao país um regime totalitário.
Não deu! Em 2013, antes que caísse a máscara, Dilma et caterva queriam uma
constituinte para... mudar a Constituição para um Estado totalitário. Não deu!
Em 2014, com o decreto 8243, Dilma apresentou nova versão do PNDH. Não deu! E
por que não deu? Ora, não deu porque brasileiros não o permitiram!
No
momento crítico, a nação foi salva do totalitarismo por gente sem grife: não
pela parasitária elite acadêmica, nem pelo empresariado, nada de intelectuais.
E aí está a lacuna do texto: se essa gente reagir, maiores serão as chances de
o governo governar como deve. E se é possível estimular essa gente, então há o
que fazer!
É
preciso, sim, denunciar os parasitas. Mas é imprescindível evitar o
negativismo. Manter a memória de realizações passadas inspira ações futuras,
suscitando crenças positivas. A quem servirá o desalento?
A
legião de parasitas tem de sentir o bafo na nuca. E isso está, sim, ao alcance
de quem já carregou o Brasil nos braços para longe do abismo. Será melhor,
pois, se, em vez de jogar a toalha, cada qual buscar forma de, em seu âmbito
(amplo ou restrito) reagir à guerra sórdida.
Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.
IIIIIIIIIIIISSSSSSSSSSSSOOOOO MEEEEEEESMO,BRAVO, MILAGRES MUITOS ACONTECERAM
ResponderExcluirOMISSAO DOS BONS OS MAUS OUSAM.
PARA A GUERRA,VAMOS GANHAR DE NOVO
As elites acadêmicas, os artistas, o centrão, a globolixo, os políticos de profissão, não contam com a vossa astúcia.
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