O Brasil enfrenta um cenário fiscal desafiador em 2025 e se consolida como o país com o segundo maior déficit nominal em todo o mundo, de acordo com uma análise de Fábio Serrano, economista do BTG Pactual, publicada no jornal O Globo. De acordo com os cálculos de Serrano, o déficit nominal do Brasil deve saltar de 7,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 para expressivos 8,6% em 2025.
Esse crescimento no déficit ocorre em meio à perspectiva de elevação da dívida pública, um ponto de grande atenção para o mercado financeiro.
O texto acima é do site "Economia em Pauta" de hoje. Leia mais.
De acordo com a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal, a dívida pública do Brasil, atualmente em 81,4% do PIB, deve continuar a crescer ao longo da próxima década.
As projeções indicam que o índice deve atingir 91,6% do PIB em 2027 e pode alcançar alarmantes 99,0% em 2029.
O economista do BTG Pactual destaca dois fatores principais que impulsionam o custo elevado da dívida brasileira:
PERCEPÇÃO DE RISCO: “Os investidores entendem que a dívida brasileira tem uma dinâmica desafiadora, o que eleva a percepção de risco“, explicou Fábio Serrano.
POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA: “A política fiscal expansionista aumenta a demanda, pressiona a inflação e exige juros mais altos“, complementou o especialista.
O Brasil desponta como o único país da América Latina que apresentará piora no resultado fiscal em 2025, de acordo com as previsões.
Países como México, Chile, Colômbia e Peru devem registrar déficits inferiores a 4% do PIB, com trajetória de queda.
Mesmo a Bolívia, que lidera o ranking de déficits na região com 9,70% do PIB, deve reduzir sua marca em comparação aos 10,4% registrados em 2024.
Essa posição isolada do Brasil entre os seus pares latino-americanos reforça o alerta de que o país segue um caminho distinto, com agravamento das contas públicas.
A IFI projeta que a trajetória da dívida pública brasileira vai ser ascendente até, pelo menos, 2034.
Para o ano de 2025, o cenário aponta estagnação fiscal, agravado pela falta de políticas de ajuste estrutural que contenham o avanço da dívida em relação ao PIB.
A continuidade dessa tendência pode impactar negativamente a credibilidade do Brasil no mercado internacional, e resulta em condições mais rigorosas para a obtenção de crédito e em custos mais altos para o financiamento de políticas públicas e investimentos.
Quais são os desafios para a política econômica em 2025?
O desafio para as autoridades econômicas brasileiras permanece bem significativo. Para reverter esse quadro, vai ser necessário:
Implementar reformas estruturais que favoreçam o equilíbrio fiscal de longo prazo.
Controlar gastos públicos, especialmente aqueles de caráter discricionário.
Melhorar a confiança dos investidores por meio de uma gestão transparente e de políticas voltadas ao crescimento sustentável.
O economista Fábio Serrano conclui que, sem mudanças substanciais na abordagem fiscal e econômica, o Brasil continua a navegar em águas turbulentas: “O custo de ignorar os ajustes pode ser uma deterioração ainda maior da economia nacional.”
Com um cenário internacional cada vez mais competitivo, o Brasil enfrenta a necessidade urgente de reorganizar suas contas públicas para evitar o aprofundamento da crise fiscal e preservar a credibilidade econômica no médio e longo prazo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário