João Satt, estrategista, CEO Grupo G5
“Desculpa, eu não quero incomodar: por favor, eu só quero pagar a conta”. Quantas vezes você tem se deparado com essa mesma situação?
Definitivamente, tem algo acontecendo que ainda ninguém conseguiu entender. Nós, consumidores, estamos tendo que implorar para sermos atendidos: seja com o garçom desatento e confuso; ou a moça do caixa que está trocando mensagens no celular; o balconista atrapalhado da farmácia, que insiste em dizer que o produto receitado não existe; o eletricista grosseiro e mal-educado; ou a doméstica que fica irritada se você insistir em assinar a carteira de trabalho, afinal, ela está “desempregada” e não pode perder o “benefício do governo”.
Que país é este, onde 70% das pessoas que trabalham são tão substituíveis, que você sequer nota quando uma sai e a outra entra? Onde apenas 20% dos profissionais empregados superam o job description, ou seja, nos surpreendem positivamente.
Pasme: de cada 10 empregados, apenas um é fora da curva, peça rara, extraordinária. São
profissionais 3 em 1, apresentam um track record fantástico, entregando de duas a três vezes mais que a média. Verdadeiros gênios nexialistas, dotados de raciocínio ultraveloz, percepção acima da média e uma capacidade de encontrar a “agulha no palheiro”.
A palavra grega “nexos” significa a virtude de conectar diferentes áreas do conhecimento para resolver problemas complexos. Acredite, o que traciona e move uma organização é esse time de elite, formado por obstinados e imprescindíveis. Agora, venha comigo e pense: se apenas um em dez é nexialista, qual é o nosso futuro como país, como sociedade, como empresários?
Os baby boomers e os workaholics da geração X, sem dúvida, exageraram na dose: trabalharam acima do necessário. Muitos viveram para trabalhar; no entanto, me preocupa a geração Z, que trabalha pouco, sonha pouco e espera pouco da vida. A superficialidade é assustadora: basta você solicitar que escrevam sobre algo, e torna-se evidente que não leem um livro desde que deixaram os bancos escolares. Entram no mercado de trabalho sem ter a menor noção de absolutamente nada – o que constrói um constrangimento quando você tem que dar um estágio para o filho do seu amigo.
O espírito empreendedor nunca saiu de moda, no entanto, a ausência de visão estratégica e resiliência é alarmante. Se você exigir um pouco mais, ou até mesmo chamar a atenção, pode ter certeza: não voltam no dia seguinte. O mau humor não está apenas no balcão da padaria, ou no vendedor da loja de material de construção: tornou-se um fenômeno nacional. Tudo isso me preocupa porque a conta tarda, mas aparece.
O que fazer para acordar essa gente maravilhosa que pegou o bonde errado e pensa que vai, assim como Elon Musk, aterrissar o foguete de ré? O bom humor e a educação profissional deveriam estar presentes de forma mais efetiva nos planos de governo, nas pautas de conselho, nas reuniões de avaliação. Do contrário, o futuro vai ser muito duro para as novas gerações. Vale uma reflexão: a verdade é dura e dói, enfrentar é a arte de vencer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário