Especialista mundial em transplante de sangue de cordão
umbilical fala pela primeira vez no RS
Uma plateia
atenta assistiu na manhã de sexta-feira, 3 de agosto, a palestra “Trinta anos
de coleta e uso de sangue de cordão umbilical - O que evoluiu?”, ministrada por
um dos maiores nomes mundiais no assunto, a Dra. Joanne Kurtzberg.
A médica e
pesquisadora americana, especialista em onco-hematologia pediátrica,
transplante pediátrico de sangue e de medula óssea, armazenamento e transplante
de sangue de cordão umbilical e em novas aplicações das células do cordão
umbilical nos campos emergentes de terapias celulares e da medicina
regenerativa, veio a Porto Alegre pela primeira vez. Ela participou do XXI
Congresso Gaúcho de Ginecologia e Obstetrícia, que aconteceu no Plaza São
Rafael.
Durante a palestra, a médica falou sobre os
avanços relacionados ao transplante de sangue de cordão umbilical nas últimas
três décadas, apresentando, ao longo da explanação, diversos cases de sucesso
em pacientes pediátricos com doenças hematológicas e doenças metabólicas.
Na ocasião, a
especialista abordou também os estudos que vem realizando nos Estados Unidos,
sobre o uso do sangue de cordão em crianças com paralisia cerebral e autismo. A
partir de vídeos e resultados da pesquisa, ela mostrou a melhora na qualidade de
vida e a evolução em diferentes aspetos neurológicos e comportamentais nos
pacientes tratados.
As pesquisas
da Dra. Kurtzberg estão evoluindo. Ela estima que em, aproximadamente, um ano
possa apresentar resultados de estudos mais aprofundados que comprovarão ou não
o benefício da terapia com sangue de cordão para autismo.
De forma
otimista, a médica acredita que dentro de dois a cinco anos o sangue de cordão
poderá ter um papel importante em diversas terapias regenerativas, incluindo
lesões neurológicas. A especialista atua junto à agência reguladora americana
Food and Drug Administration – FDA para o desenvolvimento do estudo clínico
fase 3 de paralisia cerebral.
Considerado
uma fonte viável de células-tronco hematopoiéticas e glóbulos brancos mais
imaturos, o sangue de cordão é aprovado pela Anvisa no Brasil, e pela FDA nos
EUA, para ser utilizado em transplantes de medula óssea, como parte do
tratamento de aproximadamente 80 doenças, incluindo leucemias, linfomas, anemias
graves, doenças metabólicas, imunodeficiências e tumores sólidos.
A coleta do
sangue e do tecido do cordão umbilical é realizada por profissionais
capacitados dos bancos de cordão umbilical. O procedimento é feito logo após o
nascimento do bebê, de forma segura, indolor e sem riscos para a mãe e para o
recém-nascido. O material coletado é congelado, armazenado e fica disponível
para uso imediato ou futuro, conforme a necessidade.
Em três
décadas, já foram realizados mais de 40 mil transplantes de sangue de cordão em
todo o mundo, e mais de 4 milhões de unidades foram armazenadas em bancos de
cordão umbilical. Até hoje, já foram utilizadas mais de 200 unidades de sangue
de cordão provenientes de bancos públicos e privados brasileiros.
Informações importantes:
• Dra. Kurtzberg participou do primeiro transplante de
sangue de cordão da história, em 1988, realizado em um paciente seu: o menino
Matthew, diagnosticado com anemia de Fanconi e insuficiência da medula óssea. O
sangue de cordão utilizado no transplante foi coletado no nascimento da irmã
caçula e armazenado nos EUA. O transplante ocorreu no Hospital Saint-Louis, em
Paris, sob coordenação da Dra. Eliane Gluckman, e Matthew foi efetivamente
curado. Atualmente, ele leva uma vida normal e saudável.
• Desde 2010, ano em que criou o Programa Robertson de
Terapia Celular Clínica e Translacional na Universidade Duke, a Dra. Kurtzberg
se dedica ao estudo e desenvolvimento de novas terapias derivadas do sangue de
cordão e do tecido de cordão, para o tratamento de doenças não-hematológicas.
• No Brasil, o primeiro transplante de sangue de cordão
foi um transplante alogênico - quando o paciente recebe células de outra pessoa
- realizado em 1997, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Dois
anos depois, a mesma instituição foi pioneira ao realizar o primeiro
transplante de sangue de cordão autólogo - quando o paciente recebe suas
próprias células - do mundo. O tratamento foi realizado em uma menina de quatro
anos com neuroblastoma, um tumor sólido originário do sistema nervoso.
• O transplante de sangue de cordão é seguro e oferece
benefícios aos pacientes, incluindo igual ou maior probabilidade de
sobrevivência após o procedimento e menores chances de rejeição e recaída da
doença, em comparação ao transplante de medula óssea.
• Os resultados das pesquisas da Dra. Joanne Kurtzberg
estão influenciando a agência reguladora americana FDA para a aprovação de
novos tratamentos com o sangue de cordão dentro dos próximos anos.
Um pouco mais sobre a Dra Joanne Kurtzberg
No currículo, Joanne Kurtzberg também acumula
experiências como presidente da Cord Blood Association (CBA) - a Associação de
Sangue de Cordão, Diretora Médica-Científica do Programa Robertson de Terapia
Celular Clínica e Translacional da Universidade Duke, Diretora do Programa
Pediátrico de Transplante de Sangue de Cordão e de Medula Óssea da
Universidade Duke, e Diretora do Banco de Sangue de Cordão Carolinas - banco
público na Universidade Duke.
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