- Valter Nagelstein é vereador de Porto Alegre, ex-secretário de Urbanismo e
especialista em direito urbanístico.
A Câmara Municipal de Porto Alegre deve votar nesta
segunda-feira o Projeto de Lei 7/18 do Executivo, que dispõe sobre a
proteção do Patrimônio Cultural de Bens Imóveis da Capital por meio do
Inventário. Qual é a sua posição ?
Sou a favor. O objetivo da proposta é alinhar-se às diretrizes do Plano Diretor,
prevendo a regulamentação dos conceitos, critérios e formas de incentivo para a
realização do inventário.
O que é isto ?
Para compreender a importância dessa iniciativa é
preciso observar as experiências passadas.
Há muitos anos existia em Porto Alegre uma secretaria Municipal de
Planejamento e, ligada a essa secretaria, havia um instrumento: o Plano Diretor
Urbano Ambiental, que tinha a função de criar instâncias que gerassem e
administrassem o crescimento da cidade e a preservação do meio ambiente, bem
como temas relacionados à cultura e patrimônio histórico.
E o que aconteceu ?
Tudo isso deveria
estar embaixo de uma estrutura só, mas ao longo dos anos, Porto Alegre foi
fracionando a composição do urbanismo em vários pequenos poderes que
transformaram a cidade em um lugar burocrático e talvez em uma das regiões mais
difíceis do país para se licenciar qualquer coisa.
Pode dar um exemplo do que aconteceu ?
Naquele período o que dizia respeito ao Patrimônio
histórico foi retirado da pasta de planejamento, e uma instância que se chama
Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural (EPAC) foi instituída na Secretaria
da Cultura. Com isso, se garantiu uma vida e ideologia próprias, descoladas do
Plano Diretor e do próprio planejamento da cidade. Também se criou um organismo
que tem vida e ideologias individuais e que muitas vezes não responde a nenhum
comando político.
O resultado ?
O resultado é que nossa capital é uma das cidades mais
complexas com relação à preservação do patrimônio. Ao invés de preservar, se
utilizam equivocadamente os instrumentos que lá existem, e que acabam por
agredir o direito de propriedade das pessoas, congelando a cidade e
transformando os bens em ruínas no médio e no longo prazo.
O projeto trata de mudar isto ?
Sim. Isso precisa ser mudado e está sendo
alterado, primeiramente com a construção de um novo marco legal. Outro ponto
importante, que não está sendo tratado agora, mas que eu defendo há muito
tempo, deverá ser a reconstrução do planejamento urbano com a estrutura do
EPAC, voltando para dentro de uma secretaria que cuide do urbanismo e do meio
ambiente com uma porta de entrada e uma porta de saída com início meio e fim no
processo do licenciamento.
Gostaria que leis que alteram ou interferem na paisagem urbana fossem propostas por pessoas que já tivessem lido pelo menos um livro sobre o assunto...
ResponderExcluirO "libera geral" ou o "está tudo muito bom" , só pode dar certo na cabecinha de quem sequer gerenciou uma casa...
Isto sem falar no "😍 I Love you coitadinhos😍" que libera o impensável para quem tiver uma boa fantasia "de coitadinho"...
Sempre é tempo de se fazer um mestrado em Planejamento Urbano,não é mesmo? E então sair por aí dizendo que adora esta questão...